Capítulo 25 - Autumn: Ah se sofás falassem...

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Pov Sina

Só relaxei quando tive Heyoon dentro de minha casa e tranquei a porta. Talvez eu tivesse mesmo a mania de perseguição que Sabina tanto me acusava. Mas tinha aprendido da pior forma possível que quando meu instinto gritava perigo, era melhor escutá-lo. Ali naquela rua deserta, eu senti calafrios fortes, como se algo estivesse nos observando. Aquilo nunca seria um bom sinal, apesar de não representar um perigo eminente na maioria das vezes.

-Nossa, como Sabina conseguiu roubar todas essas coisas? – Heyoon indagou olhando ao redor.

A casa estava mobiliada, tínhamos comprado com os móveis. Porém estava com detalhes mais pessoais. Como quadros de bandas, uma guitarra preta encostada na parede perto do sofá e uma televisão nova de tela plana. Era uma casa simples, com dois quartos, uma cozinha completa, uma sala de jantar e de estar.

-Nem tudo é roubado, eu tenho dinheiro sabia? – falei me divertindo com a surpresa no olhar de Heyoon – Minha mãe sempre deposita uma certa quantia de dinheiro em minha conta. Raramente uso, porque vivo com Sabina e você sabe que ela é cleptomaníaca.

Eu podia ver a curiosidade nos olhos castanhos de Heyoon. Era quase possível escutar os seus pensamentos questionadores. Porém eu não queria falar sobre a minha família, não queria trazer algo tão ruim para uma noite que estava sendo perfeita só por causa de sua tranquilidade. Então tirei meus coturnos e joguei em um canto da sala, seguindo direto para a cozinha.

-Vai escolhendo ai o que quer na televisão. O sofá é daqueles sofás cama, então fique à vontade – disse acendendo a luz do lugar – Eu vou preparar o brigadeiro e a pipoca. Mas vou já avisando que só tem refrigerante de limão.

-Tudo bem, é o seu favorito mesmo.

Pude escutar Heyoon montando o sofá no seu modo cama. Peguei as coisas necessárias para se fazer um brigadeiro caseiro nos armário e me pus a trabalhar. Eu me neguei fortemente a pensar em meu passado, mesmo que fosse inevitável depois que as lembranças foram invocadas parcialmente. Queria saber como Mia estava, se o Charles estava crescendo bem. Porém não saber deles fazia praticamente parte das minhas regras de sobrevivência. Não me importar, não me envolver. Apenas sobreviver.

Mas e agora que as coisas estavam mudando?

-Sininho, está passando uma maratona de seriados da CW! – Heyoon falou alto da sala para que eu escutasse.

-Ótimo, deixe ai, já estou terminando aqui.

Balancei a cabeça para afastar os pensamentos sobre meus irmãos. Terminei o brigadeiro, fiz a pipoca e levei tudo para a sala. Heyoon já estava esticada sobre o sofá, as costas coladas no encosto do sofá-cama, as pernas esticadas e cruzadas. Olhei para a televisão e estava passando Friends.

-Vou pegar travesseiro e cobertas – falei e apontei o dedo para Heyoon de forma ameaçadora – Não coma tudo.

-É impossível comer tudo em tão pouco tempo, Sina! – ela disse indignada.

-Vindo de você? Duvido nada.

Sorri quando a garota morena revirou os olhos. Corri para meu quarto, pegando dois travesseiros e um cobertor grosso e de cor preta. Assim que voltei para a sala, Heyoon já tinha servido o refrigerante e estava com a pipoca no colo. Sentei ao seu lado, levando cerca de dez minutos para poder ajeitar o meu novo ninho, cobrindo minhas pernas com a coberta, deixando os travesseiros atrás de minhas costas e com um enorme copo de refrigerante de limão nas mãos.

De início tinha o balde de pipoca entre eu e Heyoon. Em algum determinado momento, ele sumiu e logo Heyoon estava com a lateral do corpo junto ao meu. Não tardei a passar o braço em seu corpo, a deixando ainda mais aconchegada a mim. Era incrivelmente gostoso ficar assim, sem fazer nada, apenas curtindo as risadas deliciosas que Heyoon deixava escapar ao ver algo engraçado no seriado.

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