Capítulo 52 - Autumn: Um mais um

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 Pov Heyoon

Nós estávamos em Colorado Spring, em um hotel barato e sem aquecimento, pois era o que o dinheiro que tínhamos podia pagar. Faltavam apenas dois dias para que o outono desse lugar ao inverno, dois dias para que Hina pudesse começar o ritual que buscaria a minha mãe. E então uma nova aventura iria começar.

Eu estava debaixo do chuveiro dando graças aos deuses por pelo menos a água ser morna e não gelada. Eu recebia de bom agrado a água que caia sobre meu corpo, levando embora toda a sujeira que aquela missão tinha trazido. Uma de minhas mãos repousavam de mal jeito nas costas, tocando o lugar onde supostamente deveria haver uma cicatriz. O lugar onde a flecha dourada de Adônis tinha me atingido e... Por alguns minutos... Me matado.

Sim, eu tinha mesmo morrido. Era uma das certezas que eu tinha tido naquele momento. As sensações conflitantes da dor alucinante se mesclaram com o alívio intenso de Sina estar viva. Eu não conseguia sentir medo ou arrependimento, eu a tinha salvado e era isso o que importava. Porém, não sabia dizer o momento certo em que Sina passou a ser mais importante do que minha própria vida.

Era irônico pensar que para chegar até ela eu tinha usado justamente o que Jeky tinha dito. Deixei-me conectar com a natureza e enquanto eu corria apenas desejando chegar o mais rápido possível na filha de Zeus, a fauna ao meu redor me obedecia de diversas maneiras. Galhos se entortavam para não me agarrar, raízes adentravam na terra e eu sentia coisas tremerem ao meu redor, sem ter tempo de verificar o que realmente era. Com o caminho livre eu não tropecei, pelo contrário, nunca tinha corrido tanto em toda a minha vida.

Então eu a vi, encolhida no meio daquelas lindas flores chorando e gritando. Mas ao mesmo tempo eu via um brilho dourado chegando por cima. Eu não pensei duas vezes em me jogar nela, sem frear nem um pouco a minha velocidade. Quando a vi viva a felicidade veio primeiro do que a dor de ter sido atingida. A agonia de morrer pouco a pouco era terrível, sentir o próprio coração parar de bater, o corpo gelar e as coisas indo apagando pouco a pouco. E tudo o que eu conseguia me concentrar eram nos olhos molhados e verdes de Sina.

Um barulho externo me despertou de meus pensamentos. Apenas para meu coração disparar forte ao ver Sina abrindo a porta do boxe e entrando. Completamente nua.

-O que você está fazendo?! – eu indaguei quase engasgando e me encolhendo – Deinert!

Eu não sabia onde por os olhos ou como me cobrir com as mãos. Os meus pensamentos melancólicos evaporaram com a presença quente de ter a Sina nua a menos de um metro de mim. Ela era absurdamente linda. Perfeita em cada curva e até mesmo cicatrizes. A pele era branca como o leite, os seios ainda maiores do que os meus. As pernas bem firmes, a barriga lisa e até com alguns traços de definição, o cabelo escuro descia como uma linda cascata pelos ombros, cheios, jogados de qualquer jeito, fodidamente sexy.

-Eu não aguentei ficar imaginando você tomando banho lá no quarto – Sina aproximou um pouco mais e eu recuei, a água do chuveiro caindo por sobre meu ombro – Imaginar as gotas descendo por seu corpo moreno – ela foi abaixando o olhar lentamente – Tocando cada parte sua e o quanto você estaria linda molhada...

Quando os olhos verdes dela me fitaram, estavam em uma tonalidade tão escura que automaticamente meu corpo estremeceu. O seu olhar era totalmente predador e eu estava recuando como uma verdadeira presa. Uma presa que de repente queria ser devorada.

Como se lesse meus pensamentos, um passo largo e rápido e Sina estava a minha frente, me encurralando contra a parede, recebendo a água do chuveiro e molhando o corpo. Mas nem isso pareceu apaziguar aquelas chamas em seu olhar. Era como se o ar ao nosso redor ficasse pesado, como se uma química saísse de nós e faiscasse pelo ambiente. A atração era tão poderosa que só com aquele olhar meu corpo estava arrepiado e dando sinais de um tesão mal controlado. Esse era o efeito de Sina Deinert querendo tomar banho comigo. Ou talvez tomar banho nunca tivesse passado por sua mente quando ela entrou ali.

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