Capítulo 66 - Winter: A batalha na sala do trono

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Pov Heyoon

Perséfone não estava em seu esplendor, mas não deixava de ser bonita. Sentada sobre aquele trono de cristal, minha mãe tinha os olhos castanhos cravados em mim. Intensos, fortes, determinados, sem fraquejar. Um brilho de esperança tocava a íris de cor igual a minha, assim que ela pareceu perceber que a cavalaria tinha chegado. Um suspiro escapou de seus lábios azulados por conta do frio intenso pela qual foi submetida. A cor de sua pele outrora morena, estava pálida, rachada, machucada. O cabelo escuro caía quebradiço por seu ombro, bagunçado e com flocos de neve. Ainda assim, ela permanecia sendo uma deusa cuja inveja causaria em uma modelo bem arrumada.

-Mãe – deixei escapar assim que consegui pronunciar algo para fora de minha garganta.

Foi como um daqueles surtos que você não para pra pensar, apenas faz. Quando dei por mim, já estava correndo em sua direção. Um lampejo de lógica iluminou meu cérebro, ordenando meu corpo a parar antes que eu me jogasse nos braços dela. Aquela ainda era uma deusa completamente desconhecida para mim, machucada e torturada. Eu não poderia simplesmente abraça-la por estar encontrando, pela primeira vez, a minha mãe biológica.

-Rápido – foi a ordem dela, sua voz aveludada quebrada.

Eu reconheceria aquele tom e timbre em qualquer lugar. Era a voz que vinha em minha mente quando eu mais precisava. Mesmo estando presa ali, a deusa tinha me guiado até este momento.

-Aqui, Yoon.

Hina de alguma forma tinha nos alcançado também, estava atrás daquele trono, apontando para uma corrente de cristal transparente que estava colada ao encosto do trono pelo lado de trás, bem ao centro. Olhei para trás e vi Sina analisando ao redor, provavelmente pensando o mesmo que eu.

Estava fácil demais.

-Isso não é uma magia comum – Hina tocou a corrente e afastou a mão gemendo baixinho – Está muito frio, tome cuidado ou irá se queimar. Definitivamente... Isso não é grego.

-Não é – Perséfone falava com dificuldade – Por isso eu... Eu... Não me soltei.

Ela arfou buscando ar, parecendo ter uma grande dificuldade em respirar. Provavelmente devido a sua constante tortura. Meu coração pareceu ir diminuindo de tamanho e se apertando. Eu estava vendo a minha mãe naquele estado e não importava se ela era uma deusa, que nunca tinha entrado em contato comigo. Minha mente só processava que eu tinha de colocá-la em um lugar seguro. Um vínculo muito maior nos ligava, entre mãe e filha.

-Isso quer dizer que a Despina---

-Não fale esse nome! – Perséfone quase gritou, ou tentou, mas não conseguiu.

No mesmo instante uma risada ressoou no ambiente. Se o lugar já estava frio, pareceu chegar ao zero absoluto. Estávamos em uma verdadeira sala do trono, com grandes pilares e algumas estátuas de guerreiros de gelo como decoração. Um tapete azul estava sobre o chão, marcando o caminho da entrada principal até o trono. Em sua ponta, logo no início, as portas se abriram anunciando a chegada dela.

Despina.

A deusa era esbelta, mas não bonita ao todo. Alta, pele branca como a neve, cabelos negros como a noite mais escura. Olhos ferozes, sagazes e que nos encarava com um brilho de divertimento. Ela andava em nossa direção tão sutilmente que tive a sensação de que ela estava realmente flutuando e não caminhando. Ela trajava uma bela toga azul gelo, na cintura um cordão de ouro usado como cinto. Sobre a cabeça, uma coroa de louros com detalhes em diamantes.

-Meus convidados especiais finalmente chegaram – Despina sorriu, um sorriso que me causou calafrios – Espero que não tenham achado que realmente seria tão fácil assim. Infelizmente eu ainda não tive o suficiente de minha vingança e não serão crianças que vão me atrapalhar.

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