Havia desistido de gritar, de se debater, de chorar. E sim, tinha mesmo chorado. Isso era algo novo para Linda, que há um bom tempo não deixava as mágoas vazarem em forma de lágrimas — tirando apenas o momento em que descobriu sobre a morte de Owen. Jazia estirada no porta-malas do carro, sentindo a vibração do motor e das rodas, levando-a cada vez mais para longe. Estariam voltando para Winchester? Era provável. O assassino a arrastava de volta ao inferno, forçando-a a deixar para trás qualquer forma de salvação.
Pelo menos, Asher e Britt continuavam em segurança, até onde sabia, e com Dahlia em suas companhias, seria fácil de chamar por ajuda e finalizar todo aquele pesadelo. Linda apenas esperava que a situação não tivesse piorado tanto desde que saíram da universidade. Não suportaria outra situação horrenda, pois a sua mesma já se comparava a um tremendo pesadelo. Não poderia estar pior. O que seria pior do que aquilo? Talvez, apenas a morte. Mas francamente, até mesmo morrer parecia melhor do que estar presa ao porta-malas de um carro dirigido pelo psicopata, rumo a um destino incerto.
Não tinha mais seu celular. O mesmo deveria ter caído quando foi puxada pela janela do automóvel. Teria a sorte de passarem por uma blitz policial? O veículo certamente seria seguido se os policiais notassem a janela estourada, caso o Carrasco decidisse passar reto por eles a fim de evitar uma confusão maior. Mesmo assim, as chances dos tiras acabarem mortos era bem grande. O inimigo, com certeza, estava armado.
— Por favor, Deus, me tire dessa — dizia, em meio a sussurros quase inaudíveis para ela mesma. — Eu não quero morrer... Mas se eu morrer, faça ser rápido. Não me deixe sofrer, Senhor... Eu te imploro, por favor... Eu não quero sofrer. Me tire dessa...
Saberia se seus pedidos seriam atendidos apenas depois, quando voltasse a encarar o psicopata. Sequer sabia a quanto tempo tinham deixado o hotel para trás. No entanto, não parecia ser muito. Menos que trinta minutos, mais do que quinze. Vinte, talvez? De qualquer jeito, não importava. As intenções do mascarado continuariam as mesmas. Linda apenas não sabia quais eram. Seria morta? Certamente, pois era a responsável pelo assassinato de Molly, porém, não podia ser apenas isso. Ele havia preparado alguma coisa. Do contrário, poderia tê-la matado lá mesmo, naquele estacionamento pequeno e mal iluminado.
Sentiu quando uma curva foi feita e então, após trinta segundos, o carro parou. A sobrevivente prendeu a respiração, tensa, olhando para a escuridão que a envolvia, e para a fina faixa de luz diante do rosto. Ainda assim, não podia ver nada. Nada de significante, pelo menos. O desconforto do porta-malas havia tirado sua capacidade de pensar direito, assim como o medo do que estaria para acontecer. Era como quando tinha dez anos e precisava tirar sangue. A mesma tensão de ter a enorme agulha próxima do braço retornava para ela agora, durante a vida adulta. A relação quase cômica de situações tão distintas, porém, ao mesmo tempo, tão parecidas, a fez ter vontade de rir.
O motor não foi desligado, mas pôde ouvir a porta do motorista abrindo e fechando. Passos pesados contra o concreto, logo em seguida. Não era um acostamento, foi capaz de perceber. Continuavam na rua, parados no meio da rodovia. O que o Carrasco pretendia? A curiosidade cresceu em companhia ao pavor. Esperou pela abertura do porta-malas, mas isso não aconteceu. Ouviu o assassino caminhando para longe, demorando-se por alguns instantes e então retornando para perto do carro.
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Hello There 3
HorrorNinguém está livre do passado quando este se resume a um filme de terror. Um ano se passou desde que terríveis assassinatos abalaram a cidade de Oakfield pela segunda vez. Juntos, os sobreviventes tentavam recuperar a sanidade na Universidade de Wi...