Ninguém está livre do passado quando este se resume a um filme de terror.
Um ano se passou desde que terríveis assassinatos abalaram a cidade de Oakfield pela segunda vez. Juntos, os sobreviventes tentavam recuperar a sanidade na Universidade de Wi...
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A caminhada incessante de Owen já fazia com que suas pernas doessem. Tentava mascarar todo o desespero que percorria seu corpo com uma expressão séria, mas não tinha muito êxito em esconder sua presença entre todas as outras pessoas daquele campus lotado, pois os movimentos agitados de suas pernas e a maneira como virava a cabeça de um lado para o outro era o suficiente para que dezenas de olhares se voltassem em sua direção.
A mente do sobrevivente só conseguia sintetizar uma única informação. Uma nada agradável, por sinal. O desespero de horas antes não havia se dissipado e isso o levava a loucura. Corinne estava morta, e nada nesse mundo seria capaz de acalmá-lo tão cedo. Owen já havia passado por aquilo no passado, mas a pressão não parecia menor. Diferente disso, ela vinha em ondas de terror que perpassavam todo seu corpo e quase o impossibilitavam de pensar.
O retorno do assassino já tinha sido confirmado pela ligação do dia anterior, mas Owen continuava indeciso de acreditar naquilo, pelo menos até descobrir que Corinne foi encontrada morta. Agora, ficava claro que aquilo não era nenhuma coincidência. Um novo assassino havia surgido e estava disposto a acabar com os sobreviventes mais uma vez. Owen notava que sua vida foi colocada em risco novamente e, francamente, não sabia o que fazer. Por isso, precisava conversar com quem mais entendia do assunto, partindo em busca de Emily e Linda.
Não falava com as sobreviventes a mais de uma semana, que foi quando toparam na cantina e bateram papo por uns dez minutos. E mesmo depois da morte das garotas, eles não conversaram e nem houve interesse nisso, de ambas as partes. Provavelmente notaram que o trauma era grande para trazer o medo existente em cada um a tona para o outro, deixando a situação de lado para que desse-se a entender que as mortes não significavam nada. Mas agora, Owen sabia que estava longe disso. Os celulares das garotas mortas, a conversa com a voz desconhecida e agora o assassinato de Corinne, tudo isso culminou para deixá-lo decidido de que algo errado estava acontecendo e que deveriam se precaver antes que as coisas piorassem de vez.
Sabia que Emily e Linda estariam no prédio principal, caso já tivessem chegado na universidade, e era para lá que ia. Ao menos tinha conversado com seus amigos naquele dia, apenas respondido algumas mensagens usuais do tipo "FICOU SABENDO DO QUE ACONTECEU??? LOL" ou "A SRTA. PARKER TÁ MORTA!!", das quais acabaram definitivamente com seu humor já abalado.
Depois de alguns minutos andando, quase chegando ao prédio principal, Owen teve a sorte grande de reconhecer a figura sentada numa das mesas que rodeavam os prédios da universidade. Era Linda, concentrada na tela do laptop sobre a placa de madeira, sentada de pernas cruzadas, de lado para Owen, de forma que era incapaz de notar a aproximação do garoto. Dessa forma, a professora só foi capaz de percebê-lo ali depois que o sobrevivente já havia dado seus passos apressados até ela, tocando-a gentilmente no ombro para chamar atenção, e foi quando virou o rosto um pouco assustada, encarando-o com pesar.
— Linda, oi... — disse Owen, sem saber exatamente como começar a conversa.
