Ninguém está livre do passado quando este se resume a um filme de terror.
Um ano se passou desde que terríveis assassinatos abalaram a cidade de Oakfield pela segunda vez. Juntos, os sobreviventes tentavam recuperar a sanidade na Universidade de Wi...
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Esse lugar é uma merda.
Mas devemos assumir que é divertido ver a cara desses idiotas nos observando o tempo inteiro. A maldita câmera de segurança desse quarto deve ser a única que funciona no prédio. Sabemos que nem todas as câmeras de nem todos os prédios funcionam, para que os gastos sejam menores. São todos idiotas. Se mais criminosos soubessem disso, ou até pessoas internadas como nós, as revoltas dentro de cadeias e hospitais seriam maiores ainda.
De qualquer jeito, nossa intenção não é escapar. Primeiro, que não temos como. E segundo, que ver esse bando de gente engomadinha lutando para entender o que se passa dentro da cabeça da vadia caduca é entretenimento puro. Às vezes, ficamos paralisados olhando para um canto só para vê-los, por horas, fazendo anotações inutilmente em seus cadernos.
A verdade é que simular uma condição médica para quem é esperto, se torna extremamente fácil. Tolos só acreditam no que já estão acostumados a ver. Não estão abertos a diversidades. Então nos contentamos em fingir ataques de loucura, ou psicóticos, como eles chamam, apenas para gastar-lhes o tempo. É simplesmente maravilhoso dar trabalho para esses otários. Esperamos que a madrugada chegue para começar os surtos, obrigando cada médico e enfermeiro desse lugar a levantar de suas camas para vir estudar a paciente insana.
Passamos mal de rir, enquanto a vagabunda sofre bem no fundo da própria cabeça. Os gritos dela às vezes enchem o saco, mas já nos acostumamos. Esse é o preço a ser pago, afinal. Não vamos dar espaço para ela. Jamais iremos, porque essa é a brecha que eles precisam. Mantê-la presa nesse inferno mental é nossa vingança pessoal.
Linda está viva, o que é ruim. Sean também. Porém, foram deixados num mundo de migalhas. O que lhes é reservado quando não passam de sobreviventes medíocres? É como se a vida nunca andasse. Vivendo aprisionados na mente dessa que lhes apresenta, fomos todos capazes de entender isso. A exaustão chega em um momento. A carga fica pesada demais. Ninguém consegue aguentar. Foi desses momentos que nos aproveitamos, e cá estamos. Mais do que isso, saímos por cima. Alguns dizem que depende do ponto de vista, mas para todos nós, é claro o fato de que vencemos o jogo.
Eu, Sam...
Eu, Connor...
Eu, Garrett...
E enquanto nada podemos fazer, só nos resta esperar. Esse é o nosso futuro: esperar.
Quem sabe, um dia escaparemos para finalizar o que começamos. Pontas soltas foram deixadas, afinal de contas. Três, para sermos específicos.
Mas como bem explicitamos, aqui também não é tão ruim assim.
Nesse sentido, ficamos divididos no que desejar. Porém, de uma forma ou de outra, o destino vai nos presentear com alguma coisa boa.
E para os justos, cedo ou tarde, a recompensa sempre vem.
