A brisa gelada do lago era sentida pelo casal sentado na areia. Mais uma vez, o Lago Saul foi o escolhido para o encontro. Linda tentava não se incomodar com a terra grudando nas roupas, dizendo para si mesma que aquele era o último motivo pelo qual deveria se preocupar. As coisas estavam desandando cada vez mais rápido, e a cada novo dia, novos corpos e desastres surgiam. Era uma situação praticamente impossível de controlar, e ela francamente não sabia o que fazer. Momentos como aquele eram o que a tirava daquela realidade. Wes era um bom parceiro e as horas ao seu lado, extremamente apreciadas.
Por outro lado, Wes dificilmente conseguia esconder seu nervosismo com tudo o que vinha acontecendo. Foi um dos mais céticos quando a situação começou, mas agora, vendo-se coberto pelo perigo até o pescoço, ficava difícil se concentrar no encontro com Linda, mesmo que essa fosse a coisa que mais quisesse. De qualquer jeito, dava seu modo de perpassar tranquilidade e tentava ao máximo não tocar no maldito assunto.
— E então ele simplesmente se levantou e foi embora — Linda terminava de contar o relato da vez em que seu primeiro namorado conheceu seus pais, onde tudo acabou em desastre. — Assim, terminei o meu primeiro relacionamento. Não durou nem um mês, mas serviu para eu me prevenir de caras malas e mimados. Aquele Tom foi o pior.
— Céus... — Wes ria, próximo a ela. — O que seus pais falaram?
— Bem, isso rendeu um sermão de duas horas sobre como eu deveria selecionar melhor as pessoas com quem me relaciono. — Mirando-o com um sorriso, Linda completou: — Com o tempo, fui capaz de fazer bem isso. Mas um dedo podre ou outro surgiram no caminho. — Abaixou a cabeça, recordando-se de Elliot, e também de Owen.
Olhando para o horizonte, onde o lago exibia-se rodeado de árvores cobertas pela escuridão, Wes pensou por um instante no próximo assunto a se puxar. Linda parecia nervosa. Ainda não tinha tido a oportunidade de conversar com Emily, e queria muito saber o que ela havia descoberto em sua jornada por Oakfield.
— Como você decidiu se tornar professora?
— Eu já te disse isso — pontuou Linda, rindo. — No bar da Kelly, a algum tempo.
— Eu provavelmente estava bêbado demais e só fingia prestar atenção — brincou Wes, fazendo graça e rindo junto com ela. — Me diz de novo, eu me interesso por isso.
Dando de ombros, abatida pelo vento gelado, a sobrevivente respondeu:
— Começou quando eu era criança. Meus pais me compraram essa lousa gigante e eu fiquei simplesmente apaixonada. Eu me fascinei por ela e passava horas brincando de estar numa sala de aula. Convidava alguns primos meus para fingirem ser alunos e tudo era maravilhoso. — Balançou a cabeça. — Talvez, se eu soubesse que estaria aqui nessa situação, tivesse escolhido outra vocação — zombou, rindo de manso.
— É tão ruim assim? — Wes colocou a mão sobre a sua.
Linda arrepiou ao simples toque, encarando-o nos olhos. A aproximação foi rápida, quando trocaram um beijo. Durou pouco, mas as coisas deixaram de ser românticas ao extremo desde que se beijaram no estacionamento dos professores a dois dias atrás. Foi o bastante para demonstrar o quão bem se sentiam um com o outro, o quanto significava sua companhia. Não precisavam ficar horas de lábios selados para evidenciar aquilo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Hello There 3
HorrorNinguém está livre do passado quando este se resume a um filme de terror. Um ano se passou desde que terríveis assassinatos abalaram a cidade de Oakfield pela segunda vez. Juntos, os sobreviventes tentavam recuperar a sanidade na Universidade de Wi...