3x00 - Before the Mask: The Rising of the Executioner

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 A sala era fria naquela noite de inverno

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A sala era fria naquela noite de inverno. Murmúrios surgiam entre conversas distintas vindas de todos os presentes. Pelo menos, o espetáculo já tinha acabado e a moça não seria obrigada a ficar ali por muito mais tempo. Apenas aguardava pelo retorno do guarda que a lideraria de volta ao ônibus, coisa que demorava mais do que desejava.

Os olhos vítreos penetravam as costas de uma segunda mulher sentada numa cadeira a três fileiras de distância. Os cabelos negros e lisos escondiam sua faceta e a luminosidade da sala não era das melhores. Mas Lola Highmore sabia quem era ela. Tinha ido até ali justamente para acompanhar seus passos, e observá-la pela primeira vez.

Emily Hayes não percebia a presença de Lola ao fundo do cômodo. Continuava encarando a enorme janela de acrílico à sua frente. Do outro lado, médicos e seguranças começavam a tirar o corpo de Samantha Winters de cima da cadeira elétrica e o colocavam sobre uma maca. A mulher ainda soltava fumaça, endurecida.

A vontade de Lola era confrontá-la, colocá-la contra a parede e gritar "Por que fez aquilo com minhas filhas?!", mas controlou-se. O que tinha planejado para a sobrevivente era algo muito melhor. Ela jamais se arrependeria tanto de continuar viva.

— Não conseguimos na primeira tentativa... Não conseguimos na segunda... Mas na terceira, vamos conseguir — murmurou Lola. — Eu vou acertar as coisas para você, Sam. — Trocou olhares com o cadáver da loira deixando a sala à frente. — Para todos nós.

Não querendo esperar mais tempo ali, Lola encaixou o capuz da blusa devidamente ao redor da cabeça, impedindo que fosse vista ou reconhecida, e saiu para o corredor.

———

A loucura era uma rotina na vida de Lola Highmore. Não era uma psicopata, como muitos poderiam constatar sem saber. Porque psicopatas não tinham motivos para suas ações, e Lola tinha. Ela procurava vingança. Queria ver os responsáveis pela morte das filhas sofrerem tanto quanto ela naqueles meses de luto. Um luto tão profundo e visceral que quase a fizeram deixar de levantar da cama. A depressão por pouco não a consumiu, mas, no fim, Lola reconheceu que chorar não era a melhor opção. Precisava descontar sua dor.

Talvez sua condição tivesse se iniciado desde muito cedo. A gravidez precoce na adolescência e a pressão da própria família a transformaram numa jovem rebelde e ansiosa. Porém, Lola nunca foi mimada, sequer recebia toda a atenção merecida. Isso a enclausurou em seu próprio mundo, o que a impediu de procurar ajuda. E sem uma avaliação médica, era impossível constatar o que realmente Lola tinha. A única certeza, é que não estava bem. Muito menos, de que cresceu mentalmente saudável.

O afastamento de Julia e Molly proporcionado pela própria família também foi um fator resultante. As drogas eram o alívio que Lola não encontrava dentro de casa e, quando o vício caiu aos ouvidos da mãe e dos tios, eles rapidamente declararam que Lola não estava apta a ter duas crianças nas mãos. Foi quando ela se revoltou e fugiu com o até então namorado e pai das meninas, vivendo nas ruas e em abrigos para sem tetos por um período de longos meses. Mas o amor pelas garotas deixadas para trás jamais desapareceu. Era como um elo invisível e impossível de ser desfeito, que a rendia ao passado.

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