3x22 - Nobody Else is Dying

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 O zunido irritante da máquina de lavar continuava em seus ouvidos

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O zunido irritante da máquina de lavar continuava em seus ouvidos. Bethany era a única na lavanderia do prédio dos dormitórios, um cômodo subterrâneo nos confins interiores do edifício. O lugar era sufocante e tinha um cheiro forte de amaciante. Também era bastante empoeirado, talvez porque os zeladores já estavam cansados demais quando chegavam ali para dar tudo de si na limpeza, o que ocasionava o pó acumulado por cima das máquinas e das prateleiras, obrigando os estudantes a deixarem sempre suas roupas dentro dos próprios cestos caso não quisessem que elas se sujassem mais ainda.

Bethany era uma dessas pessoas espertas o bastante para não encostar nas coisas mais sujas para não empoeirar as roupas do próprio corpo. Estava sentada num dos banquinhos compridos disponibilizados nos corredores. O espaço era grande, mas o teto não era tão alto. Haviam duas fileiras de máquinas de lavar no meio, formadas por dois andares, por assim dizer, dos aparelhos, o que impossibilitava a visão do outro lado, forçando a pessoa a dar a volta pelo paredão até chegar a área oposta.

Nas paredes, estavam encostadas as secadoras e as prateleiras com os amaciantes baratos e os cestos quebrados disponibilizados pela própria universidade. Esperta, Bethany não dependia disso e usava os seus próprios materiais. Agora, com o cesto de roupas ao lado pela metade, esperava que a máquina já em ação finalizasse a tarefa. Não seria idiota de gastar dois dólares a mais para usar duas máquinas, sendo que poderia simplesmente esperar que uma terminasse o trabalho para então colocar o restante de roupa que não coube.

Dona de uma paciência invejada por muitos, Bethany continuava sentada ali, balançando em ansiosidade uma das pernas, conforme lia um livro trazido por ela mesma para que pudesse aguentar aquela espera. Preferindo por usar a lavanderia à noite, quando o movimento era menor, não se importava em ficar ali, sozinha no silêncio.

Foi quando uma sensação estranha tomou seu corpo, eriçando os pelos da nuca. Ergueu os olhos do livro, olhando ao redor. Estava no último corredor da área, portanto não tinha vista alguma para a passagem de entrada — que não continha sequer uma porta, apenas um corredor de luzes florescentes que dava naquele cômodo; se fosse feito o caminho contrário, chegaria até o lobby do prédio, na única porta disponível ao acesso até ali embaixo, que era como um porão procedido por um lance de escadas. Mas não era isso que a incomodava, mas sim, a sensação de que não estava mais sozinha.

Perante os acontecimentos dos últimos dias e a forma como encarou a morte apenas uma noite atrás, Bethany não se levou pelas habituais frase de "não é nada" e correspondeu aos avisos do corpo de que algo estava errado. Levantou-se do banco, fechando o livro lentamente para não fazer barulho. Pegou o celular, deixando-o aberto no discador de chamadas, mas não fez nenhuma ação muito comprometedora antes de se certificar de que algo estava de fato acontecendo. Não queria acabar ligando para a polícia e depois descobrir que era só mais um estudante que decidiu lavar as roupas àquele horário também.

Olhou para ambos os lados, decidindo qual seria melhor em seguir. Os dois levavam para uma curva fechada, portanto não tinha muitas opções. Lentamente, e sem que conseguisse perceber, o coração começava a acelerar no peito. Era um efeito colateral de ser atacada pelo assassino, percebia Bethany, pois aquilo acontecia sempre que pensava no assunto ou ficava a sós. Aos poucos, começou a se arrepender de ter descido ali sozinha.

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