— Dá o fora daqui! — gritou Laney, curvando-se para frente.
Mas nada parecia tirar Damon dali. A discussão se prolongava naquela indecisão de deixá-lo entrar ou não. Paradas lado a lado, afastadas da vidraça, as meninas continuavam apertando o braço umas das outras, temendo se aproximar. E o rapaz desesperado, próximo de um colapso, mantinha-se do lado de fora, cercado por aquela tenebrosa escuridão, olhando de um lado para o outro na procura pelo perseguidor, deixando que o vento frio balançasse os cabelos.
— Eu vou morrer aqui fora! — respondeu Damon, os olhos aguados.
— Por favor, só sai daqui! — argumentou Valerie, também de olhos lacrimejantes.
— Me digam o que está acontecendo! — continuou o diretor.
— Sai daqui, caralho! — disse Laney.
Claramente, a alteração de nervos foi às alturas. Valerie tentava ser um pouco gentil na hora de mandá-lo sair dali, aliás, Damon poderia simplesmente ser uma vítima, e se assim fosse, não gostaria de correr o risco de abrir a porta e permitir que o mascarado surgisse das sombras e forçasse a entrada no trailer. Laney, por sua vez, optava por ser um pouco mais agressiva, a face toda franzida na raiva que cobria-lhe ao ver que Damon não tomava ação em sair dali. E Livvy continuava quieta ao lado de Valerie, agarrando-a pelo braço com os olhos estalados e cobertos de lágrimas, dando um pulo a cada grito vindo das amigas.
— Eu não fiz nada! — berrou Damon.
— Você matou nossas amigas! — argumentou Laney, sem temer nada.
— O quê?! — Damon pareceu ofendido. — Eu não matei ninguém, sua retardada! Eu estava vindo para cá e vi o corpo da Rebecca jogado na grama... — Lágrimas começaram a descer por seu rosto. — Tem alguém na merda da floresta! Me deixem entrar, suas vadias!
Desferindo um forte soco contra o vidro, uma nova marca de sangue se formou na superfície transparente, impressa pela mão ensanguentada de Damon. As meninas deram um pulo de susto.
— Como espera que a gente confie em você falando desse jeito?! — questionou Valerie.
— Só confiem, porra! — Ele não cooperava. — Eu não fiz nada!
— É claro que fez! Tem sangue na sua mão! — a ingênua Livvy argumentou.
— É porque eu achei o corpo da Rebecca, imbecil! — irritou-se Damon, fazendo-a se retrair. — Se não me deixar entrar, vão ser culpadas pela minha morte... Por favor...
— A gente não acredita em você — disse Laney.
— Sai daqui enquanto você ainda tem tempo... — falou Valerie. — Só corre!
— Eu não tenho tempo! Ele está aqui fora!
— Então foge, caralho! — tornou Laney.
Damon olhou por cima dos ombros pelo que seria a milésima vez, encarando a escuridão que lhe esperava logo atrás. As árvores ao fundo ainda balançavam com o vento, escondendo o terror entre as folhagens, mas sem sinal do maníaco.
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Hello There 3
HorrorNinguém está livre do passado quando este se resume a um filme de terror. Um ano se passou desde que terríveis assassinatos abalaram a cidade de Oakfield pela segunda vez. Juntos, os sobreviventes tentavam recuperar a sanidade na Universidade de Wi...