3x35 - The Fallen

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 O chão começava a fazer parte dela mesma

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O chão começava a fazer parte dela mesma. Não conseguia se levantar, não conseguia ouvir, muito menos ver alguma coisa. Sentia apenas o corpo tremendo pelos soluços, o mundo girando, a visão desfocalizando e escurecendo de tempos em tempos.

— Emily... Emily...

Fechou os olhos, mas aquilo apenas piorou tudo. Voltou a ver Owen, pendurado pela corda abaixo de seus braços, os intestinos pendendo para fora da barriga, a face pálida e os olhos fixos. Era realmente ele. Assassinado. Morto brutalmente. Chegava a se esquecer da presença dos outros corpos, de Carrie, Daisy, Lydia, Palmer e Sally.

— Emily, ei... Emily!

Ergueu a cabeça, encarando Sean. Ele parecia entorpecido também. Não sabia a quanto tempo entrou naquele transe, mas provavelmente o bastante para o amigo ter ficado acima do acontecido. Teria reconhecido Owen, com certeza. Todos o reconheceriam. E por isso chorou mais. Como o assassino poderia ter feito aquilo? Uma sensação pesada se instaurou em seu peito. Emily desviou os olhos para Hayden, ainda chorando a alguns metros.

— Emily, eu... — Sean tentava achar palavras de conforto, mas nada adiantaria. — Precisamos sair daqui — foi o que ele disse, então. — Ele pode voltar.

Ficou estática por um momento, como se a realidade houvesse se distanciado até ficar longe de seu alcance. Era como se não tivesse mais nenhum psicopata atrás de si.

— Emily, por favor — insistiu Sean, apertando seu braço.

— Sim... — resmungou, os lábios tremendo e molhados de catarro. Limpou-os com a costa das mãos e se ergueu. Mas voltou a cair. — Sean...

— Ei, vai com calma — pediu o loiro, auxiliando-a em seguida.

Conseguiu colocar a sobrevivente de pé, que tinha as pernas moles e aparência desnorteada, como se estivesse bêbada. Os olhos voltaram a encarar os corpos. Estavam a mais de vinte metros, mas, ainda assim, perfeitamente visíveis. Poderiam ser notados mesmo do outro lado do campus. Era possível que mais pessoas tivessem visto aquilo também.

— Hayden — chamou Emily, com a voz fraca.

A menina deixava que as lágrimas escorressem, mas agora de forma mais controlada. A cabeça estava erguida para cima, mirando os pés balançando logo sobre si. Sean engoliu em seco, temendo ter outro contato com a menina, que, da última vez, gritou para que ficasse longe. Mas precisava levá-la junto, afinal, certamente era um dos alvos.

— Hayden! — Sean disse, mais alto do que a companheira. — Vamos, por favor.

— Eles estão mortos... — murmurou a loira, ainda com o sangue molhando as roupas, os cabelos e partes do rosto. O pior de tudo, era que o sangue não era todo dela. Apenas uma parte pertencia a si, vindo do machucado próximo a nuca.

Trocando uma olhada com Emily, Sean se afastou e foi até a jovem.

— Ei, Hayden, certo? — Tocou-a no ombro com delicadeza, fazendo-a o encarar com os mesmos olhos desnorteados de Emily. — Por favor, venha com a gente.

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