3x43 - Don't Trust H**

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 O suor encharcava a nuca e a base do cabelo

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O suor encharcava a nuca e a base do cabelo. A situação criou uma intensidade pior desde que as chances de sobrevivência finalmente se esgotaram. Mas Linda tinha de continuar tentando. Não era hora de desistir. Mesmo com cada oportunidade soterrada por metros de desgraça, sabia que morrer daquela forma seria meramente inaceitável. Sequer fazia parte do grande plano formado pelos Carrascos. Era tudo artimanha de uma viúva revoltada e lunática, que nem tinha certeza de que sua morte resultaria em alguma coisa importante.

— Você não precisa fazer isso! — indagou, em suas últimas tentativas. — Existem outras formas de concertar isso tudo, Britt! Por favor, escute o que estou dizendo!

A negra sorriu, balançando a cabeça, ainda segurando a arma. Gotas de sangue eram perceptíveis por baixo das mangas do sobretudo, vindas por seus cortes de arame farpado.

— Era você que disse não estar assustada? — debochou. — Uma hora a máscara cai.

— A sua também vai, e eu não estou me referindo a essa coisa de couro — rebateu Linda. — Qual é, que merda é essa?! Por que foi se envolver nisso?!

— Meus motivos já foram dados — respondeu a jornalista. — Agora, se quer o verdadeiro motivo... Bem, posso dizer que isso foi me consumindo durante anos, Linda. Não é fácil viver numa casa onde seu único princípio é ser a melhor, mesmo que seus próprios pais tenham sido verdadeiros fracassados a vida inteira. Talvez eles estivessem com medo que eu me tornasse como eles, mas toda aquela pressão... Foi simplesmente demais.

Repentinamente, a sobrevivente se pegou pensando se Britt havia matado-os. Então, percebeu que era improvável. Como ela mesma se descreveu, não era uma psicopata, ou alguém com transtornos mentais sérios. Apenas matou por Robin.

— Eu sei como é isso — mentiu, tentando trazer a vantagem novamente para o seu lado em uma abordagem diferente. — Eu passei pelo mesmo, Britt.

— Não, você não passou — negou ela, como se tivesse propriedade no assunto. — Se tivesse, acredite, eu reconheceria em seus olhos a necessidade de extravasar um pouco.

— Não funciona assim com todo mundo.

— Frustrações levadas por toda uma vida com a mentira de que o motivo delas era "amor" — lançou Britt, como se tivesse nojo. — Isso não é amor, Linda. É bem diferente disso. Por mais de quinze anos, fui moldada à figura que meus pais queriam. À figura que a sociedade queria. Tive que passar por muita coisa. Coisa demais para uma adolescente. Me julgaram por tudo, sem exceção da minha cor de pele. E ainda assim, meus pais me forçavam cada vez mais a ignorar isso, a aprender com a dor, a frequentar esses tipos de lugares, manter relação com essa gente que só me desprezava, apenas porque eram contatos importantes, porque poderiam me ajudar no futuro com alguma oportunidade de emprego... Era sempre isso! Estudar e crescer na vida, como se isso fosse algum mérito!

O relato fez Linda sentir certa pena, mas não se prendeu a isso.

— Eu sinto muito — disse ela. — Sinto mesmo, Britt.

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