Ninguém está livre do passado quando este se resume a um filme de terror.
Um ano se passou desde que terríveis assassinatos abalaram a cidade de Oakfield pela segunda vez. Juntos, os sobreviventes tentavam recuperar a sanidade na Universidade de Wi...
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O temperamento foi às alturas dentro do trailer. Quase como se o lugar fosse uma câmara a prova de som, nenhuma delas foi capaz de ouvir os gritos de socorro de Beatrice. Nem mesmo sabiam do perigo que envolvia a noite e elas mesmas. Estavam mais expostas do que nunca, sozinhas no escuro e, além de tudo, desavisadas.
No meio do trailer, Livvy e Laney ainda estavam discutindo. O ambiente continuava o mesmo, caótico e barulhento, apenas com a presença de Beatrice faltando. Próxima às duas, Rebecca tentava conter a briga antes que ela passasse dos limites e as garotas acabassem rolando pelo chão. Ainda sérias, Valerie e Kayla mantinham-se sentadas no sofá. Valerie comia novamente de seu saco de Doritos, e Kayla mexia distraidamente no celular, nem prestando atenção ou intervindo na intriga que se prosseguia logo à frente. Sem tomar ação, dentro daqueles uniformes de líder de torcida, por sorte não sofrendo pelo frio pois o trailer o impedia de entrar, mantendo-se aquecido e confortável, ficavam presas em seus próprios mundinhos e pensamentos.
— Olha, ninguém veio aqui para brigar! — dizia Rebecca, gesticulando com os braços ao lado das duas, quase entrando entre elas, mas nem por isso sendo notada.
— Você é só uma garota metida e mimada, Laney! — gritou Livvy, com lágrimas nos olhos, se forçando a não chorar. Não poderia ser humilhada daquele jeito, e por isso conteve o choro, para passar uma pose boa diante da inimiga. Depois de ter a bulimia jogada em sua cara, era difícil se manter forte, mas teve que lutar mesmo assim.
— Você que é metida, Livvy! — vociferou Laney, com a face transformada numa carranca de ódio, deixando os cabelos longos e encaracolados mexendo ao redor da cabeça. — Metida e alienada! Fica nessa merda de corpo perfeito, aparência perfeita... Sabia que tudo isso some um dia?! Ou é tapada demais para saber disso também?!
— Você não sabe do que está falando! Eu não penso assim a muito tempo! Não sou mais esse tipo de pessoa retardada que nem você!
— Calem a boca! — tornou Rebecca, estressando diante da situação. Ela mesma estava prestes a pegar as duas pelos cabelos apenas para deixá-las quietas. — Eu estou avisando que...
Foi cortada quando Laney virou-se para ela com a raiva expressa no olhar, gritando:
— Fica quieta! A briga não é com você! Não se mete!
— Ah, é?! — Rebecca sentiu-se ofendida, abrindo a boca em choque. — E quem você pensa que é para falar assim comigo, sua garota idiota?! Eu posso te tirar daqui rapidinho e seu sonho de aparecer na TV vai ser em vão!
— Tanto faz. — Laney deu de ombros. — Contanto a você, Livvy, estamos longe de acabar.
— Rebecca, por favor, nos deixa em paz! — gritou Livvy, tentando ser gentil com as palavras, mas raivosa demais para isso.
— A gente não tem tempo para isso! — argumentou de volta.
— Eu tenho todo o tempo do mundo para dar na cara dessa vadia aí — vociferou Laney, voltando a encarar Livvy diante de si. — E pode ser agora mesmo!
