3x07 - Dread

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 O prédio dos dormitórios era constituído por quinze andares

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O prédio dos dormitórios era constituído por quinze andares. As paredes de tijolos pintados numa tonalidade marrom, vistas pelo lado de fora, tornavam a construção numa figura opaca diante de todo o brilho das árvores que rodeavam a área. Adiante, o campus mantinha-se agitado naquele gramado extenso, bem diante do prédio. Os estudantes que viviam nos andares mais altos tinham sorte, pois o barulho quase caótico da multidão juvenil não os atingia com tanta intensidade quanto atingia os que moravam nos níveis inferiores.

Owen era um desses sortudos. Vivia no sexto andar, sozinho. Adorava aquilo. Ter um quarto para si só foi tudo o que sonhava quando se inscreveu para morar ali. Odiava ter que compartilhar suas coisas, seu espaço, e essa foi uma das questões que não o levou a se candidatar a uma das fraternidades. Sempre foi muito tranquilo e organizado, e não sabia o que faria caso tivesse um companheiro desorganizado e bagunceiro. Seria um pesadelo.

O cômodo era grande para uma pessoa só, o que também era bom. Quadrado, com paredes tomadas por papéis de parede simples e nada chamativos, o quarto tinha duas camas — mesmo que uma delas estivesse desocupada —, duas cômodas, uma janela, um banheiro pequeno e um closet. A mesa de estudos teve de ser levada pelo próprio garoto, pois a faculdade não a fornecia. As cortinas abertas deixavam o ambiente clareado pelo sol, exibindo as nuvens escuras do lado de fora. A porta fechada do outro lado estava trancada, como o sobrevivente sempre deixava, uma mania que adquiriu por seu passado horrível.

Já tinha passado quase duas horas desde que saiu da Alpha Delta Phi, após a descoberta dos celulares das garotas mortas. Aquilo não saía de sua cabeça, enquanto mantinha-se sentado diante da mesa, colocada em frente à janela. Os braços jogados sobre a madeira frequentemente vibravam com os espasmos involuntários causados pela ansiedade que lhe percorria o corpo. Owen nada fazia, apenas encarava o exterior de cenho franzido e sério, pensativo, deixando de lado o trabalho pela metade que estava fazendo antes de se perder em pensamentos pela nona vez.

A caminhada da fraternidade até o alojamento não foi nada relaxante e ao menos o bastante para esfriar sua cabeça. Um comichar na têmpora já despontava mediante o medo que envolvia-lhe o corpo. Owen sabia que, se receberam os aparelhos das garotas, significava que eles tinham sido enviados pelo assassino delas, e isso o recordava bastante do terror que vivenciou no passado. Eram joguinhos como aquele que deixavam seu corpo mais tenso.

Desviou a atenção daquilo com um abanar de cabeça. Não gostava de pensar no assunto, mas era inevitável. Um dos maiores momentos de sua vida se resumia a quando foi caçado por um assassino em série e teve seu melhor amigo morto, então quando algo como aquilo acontecia, o mínimo que poderia fazer era se ver vidrado no assunto.

Owen encarou o relatório pela metade que havia entre seus braços estendidos. Não conseguia desviar a atenção para aquilo. Era impossível focar-se em algo.

— Merda! — Jogou o lápis na mesa, recostando-se na cadeira e respirando fundo, enquanto fechava os olhos e passava as mãos no rosto.

A caixa com os celulares tinha sido deixada com Ash, na fraternidade. Mandou-o esconder em algum lugar até que decidisse o que fazer com aquilo, até porque se andasse com a caixa em mãos durante todo o trajeto até os dormitórios chamaria atenção demais, e a última coisa que poderia acontecer, era ser pego com aquilo em mãos. Owen tinha 18 anos, um maior de idade, e isso representava um risco a mais. Não teria segundas chances ou desculpas. Poderia ser preso e intimado como o assassino de Laney, Valerie, Kayla, Beatrice e Livvy, assim como o de Rebecca e Damon. E depois do surto de Bethany ao ver o conteúdo da caixa, não precisavam de mais problemas.

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