Quem é Tobias?

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- Você o conhece? – Perguntei quebrando aquele silencio monstruoso.
- Conheço. – Maria disse por fim.
- Quem é você? – Tavaras questiona em tom direto e alto para o homem parado em minhas costas, imóvel como uma pedra.
- Eu acredito que começamos da forma errada... – Escuto a voz do homem, torneada por um sotaque espanhol, escolhendo palavras cuidadosas em tom informal. – Eu sou Tobias, representante legal do conselho espanhol. – Eu reviro os olhos, depois agradeço por estar de costas ao homem e não ter cometido esse delito nada cortês. Devolvo minha faca a cintura e me sento.

Antonieta devolve a pistola a sua cintura, Berenice volta a sentar na mesa. Mas Tavaras continua segurando o braço do homem.

- Onde está sua carta? – Ela questiona.
- Em meu bolso esquerdo. – Ele diz, passando para um tom sedutor. Tive que segurar minha segunda revirada de olhos.
- Nunca esteve com uma tripulação pirata, não é mesmo Tobias? – Tavaras questiona e antes que o homem possa se defender, continua. – Nunca encoste no capitão, e se assim fizer, não tente cortejar a imediata dele, principalmente se ela estiver com uma faca empunhada para seus pulsos. – Tavaras o solta. O homem cambaleia.
- Tavaras, onde estão seus modos? – Eu pergunto bebendo da minha taça. – Seja bem-vindo Tobias! Junte-se ao nosso banquete. Temos um lugar na mesa para os conselheiros. – Eu aponto o assento ao lado de Asnos, que sorri, rosa como um leitão, a essa altura já deve estar morando dentro de um barril de vinho.
- Agradeço. – Tobias diz.

Ao passar por mim, vejo suas vestes, se veste como um nobre, mas tem o porte de um homem do campo. A barba por fazer, mãos grossas e calejadas. Estatura alta. Parece um lenhador com roupa de festa.

Ele me olha nos olhos por um breve momento, deixa a carta ao lado do prato de Tavaras e segue em direção ao assento. Pode ter sido algo da minha cabeça, mas eu pude ver os instantes longos em que Maria o encarou. Afundando em sua posição a cada passada. Quem era esse homem?

Berenice me puxa para um beijo, me roubando dos meus pensamentos. Cobre meu nariz com bolo e ri de mim. Eu sorrio me divertindo com sua felicidade.

A festa perdura por horas, o acampamento inteiro dança, canta e se diverte. A noite cai, junto com ela copos e corpos.

Maré BaixaOnde histórias criam vida. Descubra agora