Torunta

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Dormimos pouco, estávamos exaustos, mas todos com um sorriso no rosto. A última noite é sempre a mais satisfatória. É quando mostramos uns aos outros qual a importância em nossas vidas. Eu estou colocando minhas vestes enquanto reparo em minhas mulheres. Tudo parece estar acontecendo em câmera lenta.

Antonieta, escolheu calças elegantes de montaria. Ela ama cavalos e eu tenho certeza que vai chegar e ir direto para os estábulos. Montar é o que ela mais sente falta no mar.

Berenice escolheu um vestido florido e alegre, ela ama ser a diplomata que vai visitar todos os nossos parentes assim que colocarmos os pés em terra.

Tavaras está vestindo suas calças de couro e camisa de pele de coelho, eu sei exatamente onde ela vai estar assim que chegar, pois vamos juntos. Ver minha mulher e minha filha.

Maria também escolheu calças e camisa, eu penso que seja porque ela vai querer pegar um barco de volta e ir a Espanha, ou vai querer explorar Torunta, sua mais nova liberdade a permite ir onde quiser.

Eu escolho minhas calças, camisa de pano, meu chapéu e um casaco longo com muito ouro na cintura. Enfim, nossa viagem está chegando ao fim.

Saímos do quarto alegres. Eu subo as escadas para o convés e quando piso ao lado de fora, os rostos cinzas combinam com a paisagem.

Ao invés de o homem no mastro gritar "terra a vista" ele gritou "fogo" e a fuligem alcançou Teresa. Eu jogo meus olhos para além do navio e o que vejo me aterroriza.

Torunta está em chamas.

Maré BaixaOnde histórias criam vida. Descubra agora