O prazer de observar

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Tavaras está vestida com suas roupas de costume, de braços cruzados, em pé ao lado da mesa coberta de flores. Berenice está sentada na mesa bebericando um chá com uma camisola transparente. Eu estou do outro lado do quarto, deitado na cama improvisada, apoiado nos cotovelos, fumando um charuto, completamente nu.

Tavaras está visivelmente incomodada, sua cara de sono está fantástica. Eu amo quando está brava. Do uma risadinha nasal, ela para de cutucar as flores.

- Vocês sabem que precisam aprender a se divertirem sem mim, né? – Ela diz. Berenice faz uma careta pra ela.
- Já nos divertimos sua invejosa. – Berenice alfineta. – E eu disse que você não precisava se vestir, mas você insistiu. – Ela da de ombros. Devolve a xícara de chá a mesa e encara Tavaras. – Queremos falar sobre política. – Tavaras arregala os olhos, me encara e depois da uma gargalhada.
- Política? – Tavaras puxa uma cadeira com os pés. Senta. Me observa dar uma tragada longa no charuto e encara Berenice. – E vocês não poderiam esperar o dia nascer para isso? Eu estou exausta... – Ela continua.
- Tobias. – Berenice fala cortando as reclamações de Tavaras. – Meus olhos e o de Tavaras se encontram e depois encaramos Bere. – Vocês não são ingênuos. – Berenice continua. – Mas as vezes é preciso que alguém os lembre disso. – Continuamos sem dizer uma palavra. Apago o meu charuto e sento na cama, como se isso fizesse minha audição melhorar. – Maria conhece Tobias, ficou evidente. Ela é espanhola e o homem também, o pagamento de Maria ainda não aconteceu, mas não seria demasiadamente prudente, ser alguém da nobreza espanhola ao qual Maria conheça, estar no alto escalão de conselheiros do nosso negócio, ajudando a tomar as devidas decisões. – Berenice fala com propriedade.
- O que foi que você ouviu? – Eu questiono. Berenice, com esse seu riso frouxo, essa alegria e essa conduta de "moça fútil da realeza" consegue a amizade fácil de qualquer pessoa, serviçais, marujos, conselheiros... Todos a acham boba de mais para ser levada a sério, afinal, ela só é bonita... Que erro. Berenice pode ser um excelente trunfo.
- Ele não é casado. Também não tem pretendente a noivas. Não mais. – Ela diz estalando os lábios. – Um nobre, com idade para casar, mas que ainda não se casou... – Ela envenena cada palavra. Eu sei onde ela quer chegar. – Sua garotinha não era mais virgem, era meu duque?

Eu mordo os lábios. Então a desconfiança de Tavaras estava correta, não mandaram um conselheiro, mas uma nota promissória. O espanhol é uma certificação de meus atos para a realeza da Espanha e para melhorar, o homem que deflorou a minha dama.

Tavaras me encara, sabendo que Berenice não teria motivos para mentir. Está nos alertando sobre e juntando com as desconfianças de Tavaras, faz todo o sentido.

- O pagamento de Maria não vai vir. – Tavaras diz, roubando nossa atenção para junto de suas palavras. – E o espanhol é a garantia de que ela vai ser bem tratada e que você não está desrespeitando a elite espanhola. Vai ter que tê-la em seu harém. – Ela conclui. Berenice revira os olhos. – Não que você se importe com isso...
- Eu não me importo. – Eu digo. – Não me importo com a garota, não me importo com o lugar que ela terá aqui, não me importo com o espanhol, não me importo com a realeza espanhola e também não me importo com picuinhas. – Eu me jogo na cama. – Eu ainda posso fazer o que eu quiser, quem seria capaz de me parar? A Espanha? No outro dia a Inglaterra e a França estariam com seus canhões armados. E por sua vez, a Escócia e sua parceria frágil com a França, entraria na guerra. – Eu encaro o teto de madeira. Rio debochadamente. – As guerras que eles trazem da terra para o mar, não me importam. Meu papel é só observar e deixar que afundem sozinhos – Volto a me sentar na cama. – Se eu ainda tiver tudo o que eu quero... as coroas deles não me dizem respeito.

Pego uma garrafa que está ao meu lado, abro a rolha com a boca, cuspo a rolha para longe, aponto para Berenice e com a mesma mão, sinalizo para que ela vá até Tavaras. Bebo um gole da garrafa enquanto observo.

Berenice levanta, caminha graciosamente em direção a Tavaras, cada passo é silencioso e belo. Tavaras se posiciona melhor na cadeira. Berenice senta em seu colo, com as pernas viradas para a lateral do seu corpo. Tavaras acaricia suas coxas. Eu volto a ascender meu charuto.

Berenice coloca a mão no pescoço de Tavaras e brinca com as mexas curtas de seu cabelo, que torneiam sua nuca. Tavaras a beija. Um beijo acanhado no início, mas que depois muda de intensidade. Tavaras aperta a cintura de Berenice com força, Berenice solta um pequeno gemido. Tavaras a empurra em direção a mesa, derrubando os vasos de flores. Um deles quebra, elas não parecem se importar. Eu sorrio, ninguém deu a mínima para as flores.

Berenice começa a tirar a roupa de Tavaras. A começar pela camiseta. Tavaras estava com os peitos de Berenice na boca. Bere joga a cabeça para trás. Sentada na mesa, com as pernas abertas em volta do corpo de Tavaras, a camisola sem as alças, presa apenas pela parte do troco. A saia erguida até a parte de cima das coxas. Tavaras com as mãos em volta de sua cintura. Hora lambendo, hora mordendo.

Berenice termina de tirar a camisa de Tavaras e joga as vestes em minha direção, me encara e sorri. Os peitos de Tavaras, embora pequenos, muito bem desenhados, são envolvidos pelas mãos de Berenice. Tavaras segura as duas mãos de Bere com um movimento rápido de sua mão esquerda. As prende em cima da cabeça de Berenice, quando joga o corpo da garota contra a mesa de madeira. Com a mão direita, lambe dois dedos antes de introduzi-los.

Escuto Berenice gemer, vejo ela se contorcer, vejo Tavaras aumentar o ritmo, os dedos, a agressividade e agradeço pelo privilégio de poder assistir.
Existem prazeres, que não precisam ser tocados.

Maré BaixaOnde histórias criam vida. Descubra agora