Quer mesmo conversar?

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Berenice estava nua em cima de mim, sua pele sendo iluminada pela luz do luar que entra pela janela. O quarto de Berenice na cabana de cravos é largo e espaçoso. Berenice sempre foi a mais exigente das minhas damas. Acostumada com o luxo, com os mimos e com a boa vida, ao tornar-se minha, exigiu uma vida de rainha e eu prometi que ela teria tudo que ela quisesse.

Em troca, ela me daria cada gota de sua existência. Ela concordou e esse deve ter sido o melhor acordo que eu já fiz.

Cada cavalgada que ela dava, um gemido involuntário me rasgava. Estávamos em uma cama improvisada no chão, pois segundo ela "já estou farta de ter meus móveis quebrados por culpa de sua insanidade". Coloque aqui uma cara debochada e risonha.

Seus peitos fartos contornados pelas mechas do seu cabelo, aquele castanho acobreado que sempre me deixa em dúvida sobre seu tom. Ela arranha meu peito.

Meu braço direito atrás da minha cabeça, o esquerdo a segura pela cintura. Ela joga a cabeça para trás aumentando o ritmo. Suas coxas contraem meu abdômen e empurro ainda mais. Nossa respiração ofegante. A lanço para o meu lado e depois para baixo de mim, sem tirar nem por um instante, eu quero que ela sinta dentro. Ela morde meu pescoço, depois geme devagar enquanto empurro ainda mais.

- Me deixa sentir meu rei... – Ela diz, antes que eu a cubra de leite.

Ela revira os olhos e depois me beija. Seu ventre encharcado, minhas coxas molhadas. Seus braços em volta do meu pescoço, suas pernas trançadas em minha cintura.

Eu a encaro.

- Você quer conversar? – Ela pergunta. Eu estranho. Como assim? Porque eu iria querer conversar? Eu começo a balbuciar algo, mas ela me interrompe com uma sequencia de beijinhos. – Sobre o trabalho... Muita coisa aconteceu nos últimos dias. Você está tenso. – Ela completa. Começo a me questionar se isso é uma reclamação sobre o sexo, mas como sua respiração ainda não voltou ao normal, creio que não seja isso.
- Você tem certeza que quer conversar, sobre o meu trabalho? – Pergunto. Berenice e eu conversamos sobre tudo, mas tudo que me faça esquecer do meu trabalho. Ela é minha fuga. A mulher que permite que eu me divirta, veja o lado bom da vida e não pense no quão terrível eu sou.
- Bom... se quiser, eu posso chamar Tavaras, assim a gente tem discussões burocráticas e depois a gente pode aliviar a tensão com você vendo a gente... – Antes que ela termine a proposta eu a beijo, só de imaginar minhas damas. Não sei se seria apropriado, é meu aniversário com Berenice, eu pensei que ela quisesse uma coisa mais romântica, eu mandei enfeitar o quarto com flores. Eu nem sei se ela reparou nas flores. – O que você está pensando? – Ela pergunta.
- Nas flores. – Eu respondo sem pensar.
- Nas flores? – Ela sorri, olhando para os vasos cheios de flores campestres, espalhados por todo o quarto. – Eu amei as flores. – Ela diz por fim.
- Mas quer discutir política? – Questiono. Ela balança a cabeça, dizendo que sim. Eu suspiro e me jogo na cama improvisada. Ela desvencilha nossos corpos. Sua disposição para falar sobre o trabalho atiça minha curiosidade. Ela deve ter algum motivo para querer conversar, motivo que não pode esperar pelo sol.
- Espere aí. – Ela diz antes de sair pela porta. Pega uma camisola que estava pendurada nas pregas na parede. Ascende um lampião, sorri e sai apressada. Onde mais eu iria? No meio da noite, e nu? O quarto de Berenice não é interessante quando ela não está ali.

Maré BaixaOnde histórias criam vida. Descubra agora