Inferno

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A agitação se espalhou pelo navio. As roupas foram trocadas por roupas de combate. A distância só conseguimos ouvir os sinos da igreja e muita fumaça. As construções estão tomadas por altas labaredas de fogo. Cada minuto que o navio demora para chegar até a margem me atormenta.

- O que você acha que aconteceu? – Tavaras questiona ao meu lado. Berramos ordens para os marujos.
- Eu não sei! – Eu digo, um misto de preocupação e completo terror me tomam. Tavaras divide o mesmo sentimento. – Eu vou para a minha casa, quem quer que esteja fazendo isso vai estar me esperando lá. – Tavaras concorda.
- Eu vou para a casa dela. – Eu confirmo com a cabeça. Somente Tavaras e minha mãe conhecem a localização da casa de Dona.
- Não saia de lá! – Eu digo. Ela confirma. – Vamos ficar bem. – Tavaras diz e pela primeira vez, eu não acredito.

- Homens. Eu quero toda a tripulação a postos. Sejam quem for esses desgraçados, mexeram com os piratas errados! – Eu berro. Meus homens erguem suas armas. Minhas mulheres se colocam ao meu lado. Berenice trocou seu vestido florido por roupas de combate. – Eu quero vocês duas liderando o combate. – Eu digo para Berenice e Antonieta elas começam a negar. – Maria vai estar comigo. – Eu encaro Maria e ela confirma com a cabeça. Berenice e Antonieta costumam agir juntas e em meu encalço diminuindo as chances do inimigo.

- Vamos homens comigo! – Asnos junta-se a nós com os homens Escoceses. Eu o encaro e ele se posiciona perto de minhas mulheres.
- Quem mais estará conosco? – Eu pergunto. – O garoto já está juntando os homens franceses e Alfredo está fazendo contas. – Nós dois começamos a rir.
- Alfredo e seus cálculos. – Eu reviro os olhos. – A Espanha vai ficar escondida? – Asnos bufa.
- Quando que os espanhóis entram na briga? – Ele me questiona. Vou ter que concordar que os Espanhóis nunca travam as guerras, são corruptos, ladrões e mentirosos.

A visão de Torunta mais parecia o inferno. Quando chegamos ao cais o calor estava quase insuportável. Dividimos as nossas tropas e subimos a ilha.

Eu estava cego de preocupação, muitos homens em farrapos vinham em nossa direção, empunhando pistolas, arcos, lanças e espadas. Eu mergulhei em um mar, não com ondas, mas de desespero e sangue.

Maré BaixaOnde histórias criam vida. Descubra agora