Eu posso ter tudo

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O dia passou rápido. Eu tomei um chá junto aos marujos, a dor de cabeça não me deixou nem por um segundo. Eu subi até o convés e passei horas atrás do timão. Conversei com os conselheiros, aproveitei o sol alto e quente, as águas claras e pacificas.

A noite, tivemos uma roda de conversa, o Bardo contava sobre as bruxas francesas e Maria se deliciava com as histórias. Berenice dançava alegremente com as outras moças da Tripulação. Antonieta foi dormir cedo. Tavaras estava de riso frouxo com uma menina Ocidental que eu não lembro de já ter visto antes. Eu vi o olhar enciumado de Maria, mas achei melhor esconder o riso.

Estava tudo correndo bem. As estrelas estavam guiando a embarcação com maestria, os meninos que seguram o timão em minha ausência são bem prestimosos.

Eu estou bebendo um vinho azedo de uma garrafa qualquer que estava por cima dos barris. Desço as escadas do timão, passo pelas danças contentes das meninas e me infiltro nos corredores de Teresa. Minha ideia inicial era ir até meu quarto, ler um pouco e depois dormir, mas achei melhor pegar algo para comer na cozinha. Um dia a base de chá e álcool não deve fazer bem a saúde.

No caminho eu vejo algumas moças conversando. Dentre elas Madalena, uma dama agora. Ela se despede das moças e caminha em minha direção.
- Meu duque. – Ela me cumprimenta, eu respondo com um sorriso e um aceno de cabeça. – Indo até a cozinha?
- Pensei em pegar um pão doce. – Eu digo, ela acompanha meus passos. – E você? O que faz aqui embaixo? – Pergunto, curioso.
- Estava torcendo para que você viesse me procurar. – Ela estala a língua. Eu a encaro. Não consigo controlar o meu sorriso de canto de boca. Ela se aninha no meu braço. – Eu acredito que ainda não lhe agradeci por ter me tirado da taberna. – Ela diz, próxima ao meu ouvido.
- Eu tenho quase toda a certeza que já. – Eu digo. Estamos chegando ao corredor que virando a esquerda, dá para a cozinha.
- Achei que tivesse sido em um sonho. – Ela faz uma carinha pensativa.
- Você costuma sonhar muito comigo? – Eu pergunto. Ela sorri, um sorriso banhado em malícia.
- Você não faz ideia. – Ela usou o seu tom mais ousado, entonando cada palavra.

Para mim foi de mais. Aquele joguinho de sedução que perdura semanas estava me consumindo. Eu a joguei na parede. Suas costas encontram a madeira fina dos corredores. Ela geme assim que minhas mãos apertam sua cintura. Ela me beija e eu retribuo. Parece que vamos incendiar os corredores.

Eu olho de um lado para o outro. Eu não posso fazer o que eu quero ali.
- Aqui não. – Eu digo. Ela concorda. Ao invés de virarmos a esquerda para a cozinha, dobramos para a direita, eu abro a sala do conselho e nós dois entramos na escuridão do recinto.

Eu a sento na mesa, ela abre as pernas, camadas e mais camadas de tecidos compõem aquela saia. Eu as puxo para cima. Ela não veste roupas intimas e eu sorrio com a sua promiscuidade. Ela percebe e troca os beijos que está dando em meu pescoço por uma mordida. Eu rasgo a parte de cima do seu vestido, ela reclama, eu coloco seus peitos em minha boca. Ela uiva jogando a cabeça para trás. Eu abro meu cinto, coloco para fora, ela arranha meus braços, eu gosto da dor. Não me preocupo em garantir a lubrificação do meio de suas pernas, eu sei que ela já está molhada. Eu só empurro. Ela grita e enrola as pernas em volta da minha cintura. Deita na mesa que balança com os nossos movimentos. Ela é quente e apertada. Um pouco inexperiente, mas eu gosto.

Puxo ela de volta pela cintura, ela me beija, enquanto rebola. Eu puxo seus cabelos, outrora muito bem arrumados, agora, uma bagunça de fios. Nossos corpos seminus pingando suor.

Vejo suas pernas tremerem e seu corpo amolecer. Ela chama por mim, eu empurro mais fundo.
- Meu duque, está ficando mais apertado. – Ela balbucia. Eu sei que isso deveria me fazer parar, mas ao invés disso, meus olhos reviram e eu quero mais fundo.
- Aguenta. – É tudo que eu consigo dizer. Ela concorda e eu estoco mais algumas vezes. Ela grita. Eu a enxarco.

Eu ascendo a lareira e deito com ela no tapete da sala. Ela se enrola no meu peito e encara as sombras do fogo.
- No que você está pensando? – Eu pergunto. Ela sorri.
- Em como é possível acender uma lareira no meio do oceano. – Ela me encara. Eu sorrio de volta.
- Você jura, que era nisso que pensava? – Ela balança o cabelo.
- Suas mulheres vão me matar. – Ela muda o tom da conversa. – Minha casa vai me matar. – Ela arregala os olhos.
- Madalena, você não era virgem, então não vai precisar se preocupar com a sua virtude. – Eu a encaro, ela desvia o olhar. – Ah, era um segredo? De todo modo... – Eu do de ombros, ela se aninha. – Minhas mulheres não serão um problema.
- Sim, eu ouvi falar, que você pode ter tudo que você quiser... – Ela me alfineta em tom casual.
- Basta eu querer de verdade. – Eu encerro a conversa. 

Maré BaixaOnde histórias criam vida. Descubra agora