Capítulo 43

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"O que foi que eu fiz para você? Por que você me abandonou? Por que se isolou do resto do mundo? Do que você tem tanto medo?"- Anna, Frozen

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"O que foi que eu fiz para você? Por que você me abandonou? Por que se isolou do resto do mundo? Do que você tem tanto medo?"
- Anna, Frozen

Aura estava deitada sobre a cama, no quarto de Eileen, envolta em um casulo de cobertas macias. Seus olhos corriam pelas runas espalhadas pelo teto em padrões, sem realmente vê-las.

Em outras circunstâncias, Aura estaria observando os padrões pintados em tinta prateada com atenção, tentando imaginar para quê elas serviriam, sonhando acordada com histórias sobre elas, mas os gêmeos haviam dado a princesa muita coisa para pensar.

Após Aura perguntar sobre a ligação de Morgan com a infância da dupla, os meninos ficaram imersos em memórias antigas, permanecendo em silêncio durante tempo o suficiente para que Aura pensasse ter dito algo errado, o que não era o caso.

Após alguns instantes um tanto constrangedores para a fada, Ezra e Eden começaram sua narrativa. Eles contaram para a loirinha sobre como Morgan achou ambos sozinhos, sendo maltratados nas mãos de crianças mais velhas, sem pais, ou alguém disposto a defendê-los.

Aura lembrou-se do grupo de crianças que havia visto na feira. Tão desoladas, infelizes e sozinhas... Ela se lembrava bem dos corpinhos magros, de aparência tão frágil e enferma, cobertos por trapos puídos e sujos. Lutou contra o aperto que tomou seu peito enquanto imaginava pequenas versões de Eden e Ezra, em condições parecidas com as daquelas crianças.

Morgan os havia salvado. Ambos haviam sido bem vagos sobre os detalhes, mas ela entendeu que ele os manteve sob seus cuidados, os alimentando e os protegendo.

Aura se encolheu entre as cobertas. As palavras doces dos gêmeos sobre Morgan haviam balançado seu coração, contrastando com as palavras amargas ditas por ela, durante a última discussão. Ela ainda estava chateada, não iria mentir, entretanto, o vazio que a falta de Morgan causava em sua vida parecia ainda maior, engolindo-a para seu interior doloroso.

Ela também não podia negar que estava um tanto preocupada. Desde a briga, Morgan mal era visto em casa. Sempre fora, ou trancafiado na biblioteca, mal comparecendo às refeições, sendo Lyones que sempre levava algo para o amigo comer.

Aura se perguntou se ele estava ignorando-a propositalmente, ou se algo estava acontecendo. Estaria ele participando das lutas? Ou talvez Morgan estivesse enfrentando algum problema...A fada foi tirada de suas divagações quando uma pontada certeira de dor em seu baixo ventre a fez gritar, enrolando-se em uma bola, enquanto seu corpo estremecia. Ela apertou os olhos com força enquanto se envolvia nos próprios braços. Aura não precisava de mais para saber que logo estaria enfrentando seus dias.

Durante boa parte da manhã, Aura lidou com as cólicas extremamente intensas que acompanhavam seu período. Hora choramingando, hora socando os travesseiros de penas e hora se perguntando: por que não podia ser normal nem mesmo nisso?

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora