"Se alguém me procurar, diga que saí" — Timão, Rei Leão 3
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Florean gostaria de poder dizer que lidou com a situação com calma. Mas a verdade era que ele simplesmente saiu correndo pelos corredores de forma nada digna. Só quando já estava alcançando as escadarias principais que percebeu que deveria estar fazendo muito barulho pelo castelo, pois uma voz o gritou no corredor, impedindo de continuar.
— Florean! — Ele se virou, deparando-se com Primrose. Ele trajava um pijama azul de estampa floral e seu cabelo era uma profunda desordem. Se nada disso fosse indicativo o suficiente, seu rosto amassado gritava que ele havia acabado de acordar. — O que você está fazendo correndo pelos corredores uma hora dessas?
Mas Florean não tinha tempo para essa conversa, então apenas gritou: — Surgiu uma emergência!
Aquela não foi a melhor escolha de palavras, Florean percebeu, quando Primrose passou a segui-lo. A dupla de príncipes percorreu o longo caminho do palácio ao porto, no qual Primrose teve certa dificuldade em perseguir os passos apressados de Florean.
Mas quando enfim chegaram ao porto, qual não foi a surpresa da dupla ao ver um par de sereiazinhas, com seus torços para fora da água, cercadas por uma duzia de marinheiros curiosos. A escuridão das águas era remediada pelas velas que os marujos seguravam, iluminando precariamente as princesas.
A maioria dos homens estava de pé sobre o gigantesco deck de madeira, onde eram ancorados os barcos. Alguns de joelhos e outros agachados no chão, todos tentando ter uma boa visão das meninas.
— Encosta em mim que eu te arrebento! — Gritou uma delas, segurando ameaçadoramente um anzol, grande como um braço. Florean facilmente a reconheceu como Nerissa, a irmãzinha de Siren.
— Onde está meu príncipe? — Perguntou a outra, que Florean percebeu ser Airissa. — Algum de vocês o viu?
— Princesa Airissa? — Ele respondeu imediatamente, acenando para que ela o visse.
— Príncipe Florean! — Ela gritou, pulando na água como um golfinho, esguichando água para todos os lados.
— O que vocês estão fazendo aqui, princesas? — Primrose indagou, parecendo tão perplexa quanto Florean se sentia. — Seu pai sabe que vocês estão aqui?
— Eu vim salvar minha irmã! — Decretou a princesinha com ferocidade. — Siren está morrendo!
— O que?! — Florean se viu gritando, empurrando alguns marinheiros do caminho para chegar a beirada do deck. — O que ela tem??
— Ela ta dodói do coração — disse a princesinha, projetando os lábios pra frente em um bico. — Eu não sei quanto tempo ela ainda tem, mas deve doer muito! Ela não para de chorar.
— Ela... Ela o que? — Murmurou Florean, sentindo seu estômago revirar.
— Dodói do coração, foi a Dione que disse. — Airissa explicou.
— Agora mova essa sua bunda e faça alguma coisa! — Exclamou Nerissa, batendo na água com os punhos.
— Deuses, o rei Poseidon deve estar enlouquecendo. — Murmurou Primrose. — Vocês pelo menos deixaram um bilhete?
— Ela... está tão chateada assim? — Perguntou Florean, ignorando Primrose completamente.
— Você não ouviu? — Nerissa exclamou. — Qual parte de que ela está morrendo você não entendeu? Precisamos de uma cura! Ande, seu incompetente, você deve ser util pra alguma coisa!
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Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita
Fantasia"Sua luz não deveria iluminar um monstro como eu" Nas mágicas terras de Feeryan, no belo reino de Alexandrita, uma terrível maldição foi lançada em uma alma inocente por um coração em busca de vingança. A princesa Aura, dona de um coração bondoso m...