"O passado não é o que parece ser. Você deve encarar a verdade."- Pabbie, Frozen 2
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Bell caminhava de um lado para o outro pela biblioteca, revezando seu olhar entre Morgan, que tinha seus olhos verdes bem fixos em um grosso livro sobre maldições, e Lyones que, esparramado sobre o sofá, lia um livro sobre poções. Era madrugada e todos já estavam em seus respectivos quartos, com exceção dos três e de Eileen, que o trio havia visto testando algumas misturas em grande caldeirão de ferro, próxima a lareira da sala, parecendo muitíssimo concentrada.
Bell havia notado pela manhã que Morgan parecia ter um problema e dos grandes. O daemon parecia tão infeliz, tão tenso e preocupado, que uma parte pequena dentro de si, uma parte chata e irritante, que soava estranhamente como Collin, lhe convenceu a tentar ajudar. O grosso livro sobre maldições parecia ao ponto de se desfazer sob o par de mãos que o apertava com mais força do que o necessário, a feição que marcava o rosto do daemon era desesperadora, e Bell a conhecia: A expressão de quando parecia não haver solução. Ultimamente vinha se sentindo dessa forma.
Bell foi quem iniciou o assunto. Uma conversa leve, a princípio, apenas para aliviar o clima. E então, através de conversas e risos melancólicos, Morgan por algum motivo, se abriu com ela:
A loirinha, de olhinhos encantadores, frágil e terrivelmente gentil, estava rodopiando entre a vida e a morte. Claro, ela já esperava por algo como isso. O que diabos uma fadinha tão delicada estaria fazendo em Ametista? Aquele lugar era tenebroso demais até mesmo para ela, que já estava calejada com o frio cruel do inverno. Mas a história ficava cada vez melhor. A garota não tinha a mínima noção da intenção nobre das pessoas de salvá-la de uma terrível maldição, muito pelo contrário, ela parecia pronta para abraçar a morte.
Corajoso, Bell tinha que admitir, nem ela sentia-se pronta para isso e Collin, teria um ataque de nervos só de ouvir essa palavra. Durante toda a viagem ele grudou em seu corpo e choramingou: "Você está me levando para o inferno! Como pode ser tão má?", "Eu sou jovem demais para morrer! Principalmente para morrer de forma tão cruel, como por exemplo: ser digerido por um animal violento.", " Eu quase nem vivi, como você pode tanto me querer morto?!" Algo típico do Collin, choramingar e reclamar.
E foi movida pela conversa que tiveram pela manhã que ela e Morgan combinaram de se encontrarem ali para conversar um pouco mais. Durante o dia, havia pensado em uma alternativa para o problema dele, entretanto, se tornou impossível quando a casa voltou a ficar cheia, com um Collin sorridente e louco para contar tudo sobre sua exploração pelas ruelas exóticas de Ametista.
Na madrugada, quando chegou à biblioteca, encontrou Morgan acompanhado do amigo de longos cabelos perolados e olhos azuis, tão observadores e gentis... Lyones. Ambos estavam lendo um livro cada um e quando tentou falar algo, Morgan ergueu as mãos como se pedisse por silêncio, parecia que havia encontrado algo de relevante naquele monte de páginas.
Doce engano, pois naquele mesmo instante escutou um rosnado gutural e teve de se desviar do livro que Morgan havia arremessado contra uma das estantes.
— Se a Eileen te encontra fazendo isso, você será morto de forma bem violenta antes que encontre alguma cura — Lyones desviou os olhos do livro, apenas para lançar um olhar cheio de repreensão para o amigo.
Bell soltou uma risada e se virou para a estante, passando o dedo por alguns livros que ali estavam. Ela não tinha o hábito de leitura, mas seu pai sim, ele amava mergulhar nas páginas, quanto mais velhas e amareladas, cheias de segredos há muitos anos esquecidos, melhor.
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Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita
Fantasia"Sua luz não deveria iluminar um monstro como eu" Nas mágicas terras de Feeryan, no belo reino de Alexandrita, uma terrível maldição foi lançada em uma alma inocente por um coração em busca de vingança. A princesa Aura, dona de um coração bondoso m...