O Conto dos Amantes

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"As lendas dizem que ambos jorram as bênçãos sobre todos os casais desafortunados." — Eileen, Crônicas de Flora e Fauna: A maldição de Alexandrita

☽❀☾

Centenas de anos antes de qualquer história acontecer, o mundo não era nada. Um lugar escuro, vazio e sem vida.

Não havia nada. Não havia ninguém.

Então, em meio ao vazio, algo aconteceu. Ninguém nunca chegou a descobrir de onde veio, mas um pequeno ponto brilhante surgiu em meio ao vazio sem fim.

Era apenas uma pequena luz, pálida, diante de tanto vazio. Mas estava ali, ninguém poderia ignorar.

Temendo desaparecer em meio a tanto nada, ela cresceu. Cresceu, cresceu e cresceu, até se tornar uma grande forma brilhante, iluminando o mundo e expulsando toda a escuridão consigo.

Ninguém nunca soube como ela era, muitos poetas e músicos citaram sua aparência como bem queriam. Dizia-se que cada um a via como o que imaginavam ser a beleza em sua forma mais pura, mas algo todos juravam: Sua beleza foi capaz de iluminar o mundo inteiro. Lua, a bela Lua.

E com sua luz, veio a vida.

Abaixo dela, flores começaram a nascer, nas mais diversas cores e formatos, colorindo a terra de uma forma única. Mas suas vidas eram curtas. A terra era muito grande e a Lua não era capaz de iluminar todas ao mesmo tempo.

A Lua sentiu seu coração se partir ao ver tantas vidas serem perdidas por tão pouco, mas se encheu de esperança ao ver que novas flores surgiam dia após dia.

Determinada a ajudar as pequenas vidas, Lua criou uma parceira, uma amiga, irmã. Alguém capaz de ajudá-la a manter tais belezas vivas e crescendo fortes.

E então, ela criou o Sol. Sua beleza dourada e radiante, sua alegria contagiante e determinação que Lua admirou a ajudaram muito e logo, como amigos, eles reinaram juntos nos céus, trazendo prosperidade e luz onde quer que passassem.

No entanto, mesmo com a ajuda do Sol, Lua era incapaz de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, sendo assim, séculos se passaram até que ela finalmente desvendasse o mistério de onde vinham as belas flores, as grandes árvores e a grama pacífica. Tal beleza encantava a Lua prateada, apaixonando-a cada vez mais com sua delicadeza e perseverança.

Um dia, quando centenas de criaturas das mais diferentes polvilharam a terra, Lua decidiu que precisava entender de onde elas vinham.

Ela perguntou ao Sol, sua melhor amiga e irmã, de onde eles vinham.

"Eu as ilumino e protejo seus caminhos, mantenho dom da vida, assim como você, minha irmã, mas não sei de onde elas vieram" Disse o Sol.

Ela então foi ao Mar, a grande imensidão azul que Lua descobriu com sua luz, quando descobriu as terras. Seus olhos profundos e intimidantes sempre a fizeram recuar de sua presença.

"Não é problema meu!" Rugiu o Mar, suas ondas batendo fortes contra a terra. "Deixe-me em paz!"

Lua então, sem saber mais a quem perguntar, vagou pelos céus, apenas olhando para as terras, apaixonando-se pelas criaturas, enquanto as iluminava com sua luz prateada.

Até que um dia ela o viu. Seus olhos cor de grama e seus cabelos em ondas douradas, de onde partiam grandes chifres, repletos de flores de todas as cores e formas. Ele sorriu e a Lua sentiu como se todo o seu mundo fizesse sentido.

Por um curto momento, ela quis brilhar e resplandecer apenas para ele, mas aquilo não lhe parecia certo.

E então os animais surgiram, uma criação perfeita dele. Tão lindos, em suas formas distintas e tamanhos.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora