Capítulo 45

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Roubaram o coração de dentro  você, mas isso não te define

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Roubaram o coração de dentro  você, mas isso não te define. Essa não é quem você é. Você sabe quem você é, quem você realmente é.”
— Moana: Um Mar de Aventuras

O silêncio era massivo em meio ao salão principal do palácio de Narciso.

Slyter observava Phillipe resmungar consigo mesmo, sentado despojadamente sobre o trono de Lorde Gordon. Sua expressão impaciente acompanhava o andar frenético do verdadeiro Lorde, que andava de um lado para o outro, enquanto lia e relia a carta já bastante amassada entre suas mãos calejadas. 

— Pai, ler isso pela quarta vez não mudará o que está escrito nela — Phillipe resmungou, revirando os olhos para cima. — Não seria melhor entregá-la ao rei Florence? É uma evidência de que Aura corre grande perigo. 

— Não diga bobagens, Phillipe!  — Esbravejou Gordon — Essa carta pode inocentar Eredor. O maldito que a escreveu, assumiu que enganou e traiu a confiança daquele sabichão de orelhas pontudas. 

— Mas Fenrir garantiu que Eredor concedeu a permissão para Aura partir com os seres de Ametista e Yanna. — Phillipe argumentou.

— É disso que precisamos. Encontrar quem os ajudou a partir — enfatizou Gordon. — Conhecendo Eredor como conheço, ele foi nobre o suficiente para fornecer o barco. 

Phillipe levantou-se do trono e disse com determinação: — Então precisamos disso, de um marinheiro que sirva como testemunha!

O lorde de Narciso concordou com a cabeça. 

— A denúncia de Fenrir foi o suficiente para que se abrisse uma investigação contra Eredor, mas apenas um crime de traição realmente o levará a morte — Gordon passou as mãos pela barba em um gesto nervoso. — E aquele elfo maldito tem que morrer!

— O rei Florence não o mataria sem provas suficientes — Phillipe dizia, entretanto, Gordon já não o ouvia mais, resmungando coisas consigo mesmo. 

Os resmungos rosnados saiam inteligíveis dos lábios do lorde, cobertos por seu bigode farto. 

Até que algo em especial chamou a atenção de Phillipe, o pai havia murmurado: — Se alguém ao menos se lembrasse de Male, se alguém ao menos o conhecesse, se eu ao menos conseguisse me lembrar… 

Aquilo fez o peito do jovem lorde se encher de orgulho. Ele finalmente tinha algo a dizer, algo útil, que levaria seu pai a perceber que ele podia realmente ajudar. 

E então, voltando seus olhos a Slyter, Phillipe respondeu: — Slyter o conhece.

O lorde de Narciso, pela primeira vez, olhou para o rapaz com genuíno interesse e não apenas desprezo. É claro, era aceitável que Slyter o conhecesse, ele não estava presente no dia em que Aura foi amaldiçoada, então suas memórias sobre o tal Male, permaneceram da mesma forma, intactas. 

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora