Prólogo

3.7K 619 7.8K
                                    


"O mundo lá fora é cruel, qualquer sinal de alegria que ele encontra, ele destrói. "- Gothel, Enrolados.


Muito além das terras mortais, ao adentrar o mais profundo das Florestas humanas de maneira divina e inimaginável, longe dos olhos de qualquer um, existe um mundo mágico; As Terras de Feeryan. Dizem as lendas, que essas terras são cobertas por um véu e que apenas aqueles que possuem magia em seu sangue são capazes de transpassá-lo.

   Esse mundo é dividido em seis reinos. Cada um desses reinos possui suas características particulares, no entanto, nenhum é tão belo como o alegre reino de Alexandrita. Um reino de terras férteis, onde tudo floresce com vigor. As mais diversas criaturas feéricas vivem em harmonia em seus vilarejos floridos, cantando alegres canções que ecoam por toda parte, enquanto a abundante colheita supre as necessidades não só daquele reino, mas também dos outros.

     Nesse dia em especial, o Reino de Alexandrita estava em festa, todas as cortes se reuniram em um só propósito: celebrar os primeiros anos da princesa Aura, e esse evento importante contava com a presença de todos os seres mágicos, desde as nixies, pequenos espíritos dos rios aos elfos da floresta de Papoula.

Alexandrita, que havia perdido boa parte de seu brilho, sendo aprisionada no mais profundo luto desde a morte da Rainha Arabella, enfim havia se erguido em toda sua glória dourada. A pequena Aura havia completado dois anos, e estava pronta para receber a bênção de seu pai em seu batismo, cerimônia que havia sido adiada após seu nascimento, dia que Arabella, aquela que foi amada por todos, faleceu.

   Antes mesmo que a princesa nascesse, havia uma ansiedade imensa da parte dos feéricos. A primeira menina, depois de um longo tempo de espera. Tão aguardada pela família real e pelo povo. Aura seria o raio de sol que o reino precisava, trazendo de volta a alegria que lhes fora tomada, tão semelhante à mãe que outrora também representava tal alegria, e que continuaria viva em seus corações para sempre.

    A bela princesa era uma dádiva, um presente do Deus da Floresta para os moradores de Alexandrita. Nascida no Festival do Florescer, cerimônia que acontecia a cada 20 anos. Esse chamado festival do florescer era um evento em que os brotinhos vinham ao mundo, pequenas fadas de brotos de flores com vida própria que desabrochavam, trazendo consigo boa sorte e esperança, em uma linda cerimônia.

    Quem nascia nessa data era abençoado, então nada poderia dar errado.

O gigantesco salão de baile do Palácio de Cristal estava decorado com as mais diversas flores, as vigas que seguravam as brilhantes paredes de vidro, foram adornadas por lavandas, heras escorriam das abóbadas em direção ao chão, como uma chuva de folhas sobre todos, banhando-os com sua beleza.

    A estrutura de vidro permitia que os restos de luz solar entrassem, mesmo que cada vez mais suaves à medida que o pôr do sol se aproximava. Os músicos tocavam melodias alegres que nem mesmo abafavam o falatório animado das dezenas de feéricos, eles riam, dançavam e comiam, todos trajando suas melhores vestes, de tecidos vívidos, repletos de bordados com flores brilhantes, homenageando o reino em que viviam. Os Sátiros caminhavam com suas pernas de bode por todos os lados, servindo bebidas, petiscos de frutas, com trajes elegantes e que atraiam os mais diversos olhares.

  A família real, composta por uma antiga linhagem de fadas, parecia brilhar de felicidade, o Rei Florence sequer parecia incomodado com as discussões acaloradas dos príncipes trigêmeos ao seu lado, incapaz de tirar os olhos do bebê encantador. Já os príncipes trocavam provocações entre si, embora sorrisos encantadores enfeitavam seus rostos jovens; sorriso que era exclusivamente direcionado a sua amada irmã. Todos os três completaram seus oitenta e três anos, o que, em prol de suas imortalidades, ainda eram jovens rapazes, beirando a maturidade completa. 

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora