Capítulo 72

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“Só um milagre pode me ajudar” — Mirabell, Encanto

Fault sentia seu coração bater, como se dezenas de cavalos corressem em seu peito.

Ele seguia Phillipe pelos corredores de Alexandrita. Seus sapatos soavam contra a madeira polida do chão e ele olhava para as heras que contornavam as grandes pilastras do corredor, tentando ignorar seu coração acelerado contra o peito.

Quando finalmente chegaram à porta do quarto de Aura, Phillipe olhou para ambos os lados, antes de bater na porta.

— Aura, somos nós! — Ele sussurrou, urgentemente antes de, sem qualquer cerimônia, abrir a porta.

Aura estava sentada na cama, balançando as pernas para frente e para trás, mas ergueu os olhos ao ver a porta se abrir.

Quando Fault pousou os olhos em sua irmãzinha, mal ousou acreditar. Lá estava ela! tão linda quanto sempre foi, porém a tristeza em seu rosto era impossível de mascarar.

— Obrigado por fazer isso, Phillipe. — Fault disse, após alguns segundos de silêncio enquanto ele mal conseguia desviar os olhos de sua irmãzinha.

— Você me agradeceu seis vezes no caminho para cá. — Resmungou Phillipe, empurrando Fault para dentro do quarto. — Tranquem a porta, não abram pra ninguém e não saia sem mim, eu venho te buscar quando for seguro. Se alguém te pegar aqui eu realmente não tenho como explicar isso e minha situação já está bem ruim.

— Certo. — Fault sorriu para o lorde, com mais alegria do que ele esperava. — Obrigado.

— Agora foram sete vezes. — Suspirou Phillipe, revirando os olhos, antes de fechar a porta. Fault se aproximou para trancá-la.

— Como você conseguiu isso? — Sussurrou Fault, apontando para a porta fechada, por onde o rapaz tinha partido.

— Eu ainda não entendi bem. — Aura deu de ombros.

Foram alguns segundos, breves segundos de silêncio em que os irmãos se olharam, antes de Aura pular da cama e correr até Fault, que também corria para ela.

Ela jogou os braços ao redor do pescoço do loiro, que a segurou pela cintura, a erguendo do chão, a apertando com tanta firmeza que chegava a doer.

Fault não queria chorar, realmente não queria, mas quando sentiu o pequeno corpo de sua irmãzinha tremer contra o dele em um choro silencioso, todas as lágrimas que Fault tentava conter explodiram para fora com a força de uma maré.

Abraçados, os dois choraram copiosamente, escorregando lentamente, até que estivessem frente a frente, de joelhos, derramando lágrimas nos braços um do outro.

— Eu senti tanta saudade. — Aura sussurrou entre os soluços.

— Eu também, irmãzinha. — Fault riu entre o choro, apertando com força seu rosto contra o cabelo de Aura. — Eu queria tanto te ver, mas sabia que você estava melhor longe daqui. Quando eu te vi sorrindo enquanto fugia, eu não pude...

— Espera, o que? — Aura exclamou, soltando-se do abraço para olhar para o irmão.

— Eu vi você. — Fault fungou, limpando algumas lágrimas com o punho. — Na noite em que fugiu, eu te vi deixar o castelo.

— E por que não me parou?

— Como eu poderia? — Fault riu sem humor. — Você estava tão feliz, tão... Tão Aura. Você não era você mesma a tanto tempo e nada podia ser feito por você aqui.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora