“Só um milagre pode me ajudar” — Mirabell, Encanto
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Fault sentia seu coração bater, como se dezenas de cavalos corressem em seu peito.
Ele seguia Phillipe pelos corredores de Alexandrita. Seus sapatos soavam contra a madeira polida do chão e ele olhava para as heras que contornavam as grandes pilastras do corredor, tentando ignorar seu coração acelerado contra o peito.
Quando finalmente chegaram à porta do quarto de Aura, Phillipe olhou para ambos os lados, antes de bater na porta.
— Aura, somos nós! — Ele sussurrou, urgentemente antes de, sem qualquer cerimônia, abrir a porta.
Aura estava sentada na cama, balançando as pernas para frente e para trás, mas ergueu os olhos ao ver a porta se abrir.
Quando Fault pousou os olhos em sua irmãzinha, mal ousou acreditar. Lá estava ela! tão linda quanto sempre foi, porém a tristeza em seu rosto era impossível de mascarar.
— Obrigado por fazer isso, Phillipe. — Fault disse, após alguns segundos de silêncio enquanto ele mal conseguia desviar os olhos de sua irmãzinha.
— Você me agradeceu seis vezes no caminho para cá. — Resmungou Phillipe, empurrando Fault para dentro do quarto. — Tranquem a porta, não abram pra ninguém e não saia sem mim, eu venho te buscar quando for seguro. Se alguém te pegar aqui eu realmente não tenho como explicar isso e minha situação já está bem ruim.
— Certo. — Fault sorriu para o lorde, com mais alegria do que ele esperava. — Obrigado.
— Agora foram sete vezes. — Suspirou Phillipe, revirando os olhos, antes de fechar a porta. Fault se aproximou para trancá-la.
— Como você conseguiu isso? — Sussurrou Fault, apontando para a porta fechada, por onde o rapaz tinha partido.
— Eu ainda não entendi bem. — Aura deu de ombros.
Foram alguns segundos, breves segundos de silêncio em que os irmãos se olharam, antes de Aura pular da cama e correr até Fault, que também corria para ela.
Ela jogou os braços ao redor do pescoço do loiro, que a segurou pela cintura, a erguendo do chão, a apertando com tanta firmeza que chegava a doer.
Fault não queria chorar, realmente não queria, mas quando sentiu o pequeno corpo de sua irmãzinha tremer contra o dele em um choro silencioso, todas as lágrimas que Fault tentava conter explodiram para fora com a força de uma maré.
Abraçados, os dois choraram copiosamente, escorregando lentamente, até que estivessem frente a frente, de joelhos, derramando lágrimas nos braços um do outro.
— Eu senti tanta saudade. — Aura sussurrou entre os soluços.
— Eu também, irmãzinha. — Fault riu entre o choro, apertando com força seu rosto contra o cabelo de Aura. — Eu queria tanto te ver, mas sabia que você estava melhor longe daqui. Quando eu te vi sorrindo enquanto fugia, eu não pude...
— Espera, o que? — Aura exclamou, soltando-se do abraço para olhar para o irmão.
— Eu vi você. — Fault fungou, limpando algumas lágrimas com o punho. — Na noite em que fugiu, eu te vi deixar o castelo.
— E por que não me parou?
— Como eu poderia? — Fault riu sem humor. — Você estava tão feliz, tão... Tão Aura. Você não era você mesma a tanto tempo e nada podia ser feito por você aqui.
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Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita
Fantasia"Sua luz não deveria iluminar um monstro como eu" Nas mágicas terras de Feeryan, no belo reino de Alexandrita, uma terrível maldição foi lançada em uma alma inocente por um coração em busca de vingança. A princesa Aura, dona de um coração bondoso m...