Capítulo 51

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"As mulheres apreciam os homens que as fazem rir."
- Aladdin

Os barulhos estrondosos vindos do grande coliseu eram facilmente ouvidos, mesmo ao longe.

Morgan olhava com certo nervosismo para Aura ao seu lado, que tinha um olhar hesitante, embora cheio de curiosidade para a grande estrutura que crescia cada vez mais no horizonte.

Desde o ocorrido durante o Festival das Feiticeiras da Luz, Morgan sabia que precisava conversar com o príncipe Serpens. Sabia que tinha que agradecê-lo e, principalmente, descobrir sobre o que houve com o maldito Talas.

O daemon recorreu a habilidade de socialização de Eden, pedindo para que o moreno andasse pelas ruelas do reino, conversando com todo e qualquer feérico que pudesse, em busca de informações sobre os lugares que o príncipe costumava frequentar. Não devia ser tão difícil, Morgan pensou, era um príncipe, afinal, todo mundo fala sobre a vida da família real o tempo todo.

E de fato não foi. Eden logo chegou em casa com a informação de que o príncipe passava muito tempo na Arena Vermelha.

E ali estavam todos eles. Para contragosto de Eileen, Lyones, Yanna e divertimento de Eden e Ezra.

A Arena Vermelha, um gigantesco coliseu, erguido em madeira tingida em vermelho vívido parecia refletir a luz fraca do sol. No topo, haviam várias bandeiras com o emblema de Ametista dançando ao vento, algumas meio rasgadas e manchadas.

Quanto mais se aproximavam da estrutura monstruosa, mais alta a balbúrdia se tornava e mais Eileen reclamava. E Morgan sabia o porquê.

A Arena era nada menos que um palco para as lutas esportivas. Todo feérico que precisava de moedas e acreditava ter força o suficiente, ia até lá tentar a sorte, mas a maioria não tinha um final muito agradável. Morgan sabia que a estrutura havia sido pintada de vermelho, não por questões estéticas, mas para que os funcionários não tivessem que ficar limpando o sangue o tempo todo. E é claro que a maior parte do dinheiro ia para a família real e os apostadores, nunca para os lutadores, mas ninguém falava muito nisso.

- Carnificina para entretenimento - Morgan pôde ouvir Eileen resmungar atrás de si. - Isso é tão bárbaro.

- Vamos Eileen, é divertido! - Eden exclamou, apenas para irritá-la.

Quando o grupo finalmente adentrou o coliseu, Morgan ouviu Aura arfar ao seu lado. Ele não podia julgá-la.

A estrutura ovalada funcionava como um funil, onde todas as arquibancadas formavam uma escada, ao redor de um espaço oval cavado na terra negra, onde dois feéricos lutavam. Havia sangue jorrando de ambos os competidores, pedaços de dentes polvilhando o chão, feridas grotescas expostas e outros lutadores caídos, parecendo muito machucados. Um dos lutadores tinha um grande buraco na lateral do corpo, de onde jatos de sangue espirravam para todo lado por entre os rasgos de pele. Havia um braço decepado em um dos cantos, mas ninguém podia ver quem havia sido seu dono.

A multidão gritava, batendo uns nos outros, derramando canecas e canecas de bebidas, servidas por feéricas pouco vestidas. Apostadores gritavam e jogavam moedas uns nos outros, rindo e cuspindo ofensas.

- Esse lugar é nojento. - Resmungou Yanna, abaixando-se quando uma garrafa foi atirada e passou voando bem perto de sua cabeça.

Lyones resmungou em concordância quando um copo foi jogado sobre ele, manchando sua camisa com alguma bebida roxa.

Surpreendentemente, não foi difícil achar o príncipe Serpens, que estava na parte mais alta da arquibancada, bem longe do pandemônio abaixo de si. Ele ria, dizendo algo para um grande e corpulento ciclope a seu lado.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora