Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita

Capítulo 37

Elsa: Você não pode me seguir pelo fogo.
Anna: Então não corra pelo fogo.  - Frozen 2

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A princesa despertou de seu sono, demorando pouco mais tempo do que o normal para se habituar ao local onde estava. As poções bem organizadas em algumas prateleiras e alguns livros jogados sobre a poltrona, deixava claro a ela que aquele era o quarto de Eileen. 

De Eileen, não de Morgan.

Não demorou muito para que as lembranças da noite anterior voltassem em sua memória. Ela dançando para Morgan; Ela o beijando de uma forma um tanto "diferente"; Ela mexendo seu corpo em cima do dele, buscando por ainda mais contato; O olhar assustado dele e então... O sono.

Sono? Pensou Aura, sentindo o rubor que começava a se espalhar pelo seu rosto evaporar, dando lugar a raiva: — Aquele, aquele... Ele me colocou pra dormir!

Pelo visto, seu namorado tinha uma forma peculiar de lidar com os problemas... Fugindo deles, mais precisamente. Porém não por muito tempo. 

Aura procurou por Yanna e por Eileen pelo quarto, não encontrando nenhuma das duas, de certa forma achou melhor que fosse assim. Nas pontas dos pés, ela deixou que eles a guiasse pelo corredor, em direção ao quarto de Morgan. 

Aura odiava, odiava mais que tudo quando tomavam uma decisão por ela. Foi assim por toda sua vida. Sempre assim...

A sensação de incapacidade, de revolta, de não ser dona do próprio destino, de se sentir uma prisioneira das decisões de outros... As sensações que odiou durante toda a vida voltaram-se contra ela com a força de um soco.

 "Aura eu sei o que é melhor para você". Que se dane! Ela era uma mulher, não precisava ser tratada como uma criança.

A porta do quarto de Morgan foi aberta com brutalidade, entretanto, tamanha foi a surpresa de Aura por não encontrar ninguém ali. Ela suspirou em descontentamento, xingando em voz alta palavras que havia ouvido algumas pessoas pronunciarem em Ametista. 

Antes que pudesse usar todo seu novo e rico vocabulário, sentiu dois cutucões em seu ombro e pulou de susto ao encontrar Lyones parado a sua frente.

 Justo na frente de Lyones, pensou ela corando absurdamente.

— Ahn... Oi, Anne — cumprimentou o daemon de cabelos prateados, parecendo bastante sem jeito. — Você está bem? 

Aura colou alguns fios de cabelo atrás da orelha, tão sem graça quanto. 

— Digamos que já estive melhor — ela murmurou, ainda sentindo a ardência da raiva palpitando em seu peito.

— Entendo... Venha comer algo, a mesa está posta — ele sorriu, fazendo um gesto para que a loira o seguisse. Aura agradeceu em pensamentos por Lyones não lhe perguntar nada, seguindo-o pelos corredores de pedra.   

Ainda tentando conter a fúria que fazia suas mãos tremerem, Aura adentrou a cozinha, deparando-se com o causador de toda sua fúria. 

Morgan estava ali, esparramado sobre a cadeira com uma expressão um tanto cansada. Ele se virou para ela, oferecendo um sorriso hesitante. 

Ele quer agir como se estivesse tudo bem, ela percebeu, sentindo o bater de seu coração ecoar pelos ouvidos. 

No entanto, Aura não estava com vontade de agir naturalmente. Morgan não tinha esse direito, não podia simplesmente usar sua magia sobre ela dessa forma e agir como se tudo estivesse bem depois.