Capítulo 99

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“Amigos venham então
Não importa onde seja seu lar
Mesmo tão longe assim
Chegaremos ao fim
E nada nos vai separar”
— Tinker Bell

Quando o sol iluminou a manhã, Morgan nem mesmo havia dormido. Ele não conseguiu, nem por um segundo sequer, adormecer. Nem mesmo quando Aura se rendeu ao sono, respirando de forma serena com o rosto apoiado em seu peito.

E sim, ele confirmou algumas vezes se ela estava mesmo respirando. Não se orgulhava disso, mas várias vezes durante a madrugada ele aproximou seu rosto do dela, para sentir sua respiração, vendo o pavor desaparecer de seu peito ao confirmar que sim, ela estava viva, aquilo não era apenas um devaneio de sua mente. Ela estava ali.

Em algum momento, Morgan notou que o quarto de Aura estava diferente do habitual. Estava tão desesperado por sentir o calor dela que mal havia reparado na mudança antes, mas agora estava claro. E talvez essa tenha sido a razão pela qual ele não se sentiu tão deslocado quando entrou no cômodo naquela vez.

As paredes rosas haviam desaparecido, sendo substituída por uma tintura amarela, tão claro quanto o sol que brilhava de manhãzinha, com pequenas flores brancas ilustradas nas extremidades, de forma sutil.

Ainda haviam flores, mas nem tantas. No momento que Morgan notou toda a repentina mudança, sentiu seu coração esquentar, pensando no quanto Aura havia se dedicado para que ele se sentisse em casa, tentando fazer com que ele sentisse que ali também era o quarto dele agora.

Estava distraído em seus pensamentos quando escutou uma voz baixa, tão familiar que sentiu seu corpo relaxar.

— Bom dia, Mor... — Murmurou ela, com a voz sonolenta.

Morgan sorriu, olhando para os olhos semiabertos de Aura, enquanto ela olhava para ele com um meio sorriso.

— Bom dia, raio de sol. — Ele murmurou baixinho, correndo seus dedos pelos cachos dourados da princesa, antes de acrescentar, apenas porque podia: — Minha esposa.

— Meu marido. — Ela respondeu com um sorriso completo, completamente acordada agora, sentando-se na cama para se espreguiçar.

— Acha que seu irmão vai estar com raiva por termos saído cedo? — Morgan perguntou, fazendo uma careta ao pensar em receber um dos longos discursos repreensivos de Florean.

— Deixe-o ficar. — Aura decretou, franzindo as sobrancelhas. — Eu não ia simplesmente fechar os olhos para a forma como as pessoas estavam te tratando. Tratando todos, na verdade.

Mesmo depois de tanto tempo, o peito de Morgan ainda ardia como se fosse a primeira vez, ao ver Aura defendê-lo daquela forma. Ela o conhecia agora, com todos os seus segredos, todas as suas mentiras e todo o seu passado e ainda sim o defendia.

Às vezes era demais para acreditar.

— Eu te amo. — Ele disse, puxando-a pela cintura para um beijo.

— E eu amo você. — Ela respondeu, quando seus lábios se afastaram.

Como Morgan previra, Florean não parecia ter o melhor dos humores quando eles desceram para o café da manhã.

Ele tinha seus olhos muito fixos no prato a sua frente e nem ao menos piscou quando Aura e Morgan sentaram-se à mesa. Seus demais irmãos, assim como seus amigos também estavam lá e, para o alívio de Aura, todos pareciam divertidos com o mau humor do príncipe ruivo. Até mesmo Fault tentava esconder um sorriso com o guardanapo rendado.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora