Viva como se não houvesse meia noite. - Cinderella
Os anos passaram rápidos como o vento e junto com eles, a esperança de Aura também se fora completamente.
Agora com seus 19 anos e meio com uma alma gentil e bondosa, uma beleza de arrancar o fôlego e um coração que almejava liberdade, não havia nada que Aura quisesse mais que sair do palácio, e viver seus últimos meses de forma plena. Não tinha medo da morte, longe disso, achava bonita a forma como tudo tinha um início meio e fim, era uma beleza sombria tinha que admitir, mas não deixava de ser belo. Era também a única certeza que ela tinha, estava morrendo.
Aura acordou com o som dos pássaros e abriu os olhos preguiçosamente, observando com certa inveja a fluidez com a qual eles voavam, como fazia todas as manhãs. O que ela não daria para voar daquela forma, tão livre e despreocupada? Bater suas asas e subir, aproximando-se do céu, embrenhando-se nas nuvens e despedindo-se do chão.
Suspirando, Aura deixou seus devaneios de lado e iniciou sua rotina, há anos memorizada. Acordar, se arrumar e descer para o desjejum com seus irmãos, rir das discussões de Primrose e Florean, enquanto ajudava Fault a apartá-los, sem realmente prestar atenção no que fazia. Há anos tudo lhe era tão automático, como se vivesse o mesmo dia todos os dias
Caminhou distraidamente pelo corredor. Sua cabeça estava nas nuvens, onde ela também almejava estar. Queria bater suas delicadas e finas asas para longe dali, afinal elas eram a única coisa que comprovava que ela ainda era uma fada, mas nem mesmo isso tinha utilidade. Qual a graça teria voar da sala a cozinha e da cozinha ao salão do trono? Oras, nenhuma - Pensou ela.
- Pensando em fugir outra vez? - A voz do príncipe Phillipe tirou Aura de seus devaneios, e por um momento desejou que fosse um sonho, um sonho incômodo e inconveniente. Mas infelizmente não, ali estava ele, no meio do corredor parado a sua frente com seus curtos cabelos loiros e uma pose arrogante e prepotente.
- Ahn...Bom dia Phillipe - tentou lhe oferecer um sorriso gentil.
- Estava? - ele repetiu a pergunta, batendo o pé repetidas vezes, mas olhando-a com um sorriso.
- Não, estava indo encontrar meus irmãos - ela respondeu, sem se importar muito. Phillipe havia mudado muito desde a infância, mas Aura nunca soube dizer se para melhor ou não.
- Você...está muito bonita hoje, Princesa - o rapaz disse após alguns segundos de silêncio. Aura ergueu as sobrancelhas. Não era ele a me chamar de ratinha? - Pensou, risonha.
Antes que pudesse pensar em uma resposta adequada, uma voz masculina vinda de trás de si, fez Aura se virar.
- Aceita um babador, Phillipe? - disse Primrose, apoiando o braço contra os ombros de Aura.
- Ora, Primrose. O quão rude... - Phillipe resmungou revirando os olhos. - As vezes nem se parece com um príncipe.
- Oh mil perdões! - debochou Primrose. - Venha Aura, estávamos só te esperando.
Primrose a puxou para longe do herdeiro Narciso, lançando um ultimo olhar zombeteiro por cima dos ombros. Aura riu, embora tentasse se conter, afinal nenhum dos seus irmãos tinha muito apreço a Phillipe
❀
O enorme salão onde o desjejum era posto, estava no mais repleto silêncio, ninguém ousava dizer nenhuma palavra. Florean saboreava sua torta de morango em silêncio, enquanto Primrose partia pedaços de pães para ele e Fault. Nada das brincadeiras, piadinhas ou discussões... Apenas o silêncio.
- Está bem vestido hoje Florean - Aura tentou, ganhando a atenção dos três.
- Obrigado, mas estou como em qualquer outro dia - sorriu para a irmã, e outra vez tudo ficou em silêncio.
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Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita
Fantasy"Sua luz não deveria iluminar um monstro como eu" Nas mágicas terras de Feeryan, no belo reino de Alexandrita, uma terrível maldição foi lançada em uma alma inocente por um coração em busca de vingança. A princesa Aura, dona de um coração bondoso m...