Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita

Especial - Ano Novo

Cada um ao seu lugar!
A hora já chegou
De celebrar
Um ano que se passou!
- Cinderella 3

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Eileen piscou algumas vezes, um tanto incrédula. Por mais que alguns meses tivessem se passado desde o tão sonhado reencontro dela com Morgan e Lyones, havia alguns momentos em que ela temia estar sonhando, e esse era um deles. Ela olhava para os amigos de longa data, incapaz de acreditar que eles eram reais e estavam ali, protegidos, ao lado dela. Em casa.

Todos estavam em volta da lareira da caverna onde Eileen morava, o fogo esverdeado mantinha eles aquecidos enquanto crepitava naquela noite tão fria. Morgan tinha seu corpo encostado sobre a parede, seus olhos estavam fechados enquanto parecia perdido em pensamentos. A cabeça de Lyones repousava no colo de Eileen, que acariciava os curtos fios prateados do rapaz. 

Já os novos integrantes do grupo, Eden e Ezra, tinham seus ombros encostados um no outro, enquanto devoravam uma torta feita pela bruxa, minutos atrás. 

Os dois ainda pareciam um tanto tímidos em estar entre eles, estavam acostumados com Morgan e Lyones, não com Eileen e toda sua forma maternal de ser, não que isso fosse ruim, era até muito bom, bom demais para ser verdade. A bruxa sempre que via algum deles olhando para si, sorria e oferecia palavras gentis. A forma como seu olhar era verdadeiro e caloroso desconcertava os garotos, mas Eileen não podia evitar. Era bom tê-los ali. Queria que soubessem e sentissem isso.

A noite era de festejo, o Ritual do Sol e da Lua acontecia desde o pôr do sol nas ruelas de Ametista, entretanto, ninguém queria sair dali, não quando a familiaridade que sentiam era muito melhor que qualquer ritual.

E essa data em especial, trazia a Eileen, Morgan e Lyones lembranças um tanto especiais…

A lua estava coberta por brilho negro e avermelhado causada pelo encontro com o sol. Sua contra forma brilhante nos céus causava um magnetismo ao olhar. Grande era o esplendor desses astros naquela noite, como se gritasse aos feéricos que os prestigiassem com todo seu ser. A magia parecia intensa e crepitava nas veias de qualquer um ali presente, espalhando uma agradável sensação calorosa em seus corpos. Os feéricos podiam sentir a magia crepitar em suas almas, ardendo com glorioso ardor. Essa era a beleza do Ritual do Sol e da Lua, o único dia do ano no reino de Ametista em que, após um eclipse, a magia se tornava extremamente poderosa.

Em Feeryan, esse era o único festejo que todos os reinos possuíam de semelhante. Todos os cinco reinos, sem exceção, comemoravam a passagem de um ano para outro e a renovação da magia. De certo que, cada reino possuia sua peculiaridade e suas tradições e Ametista era o único deles no qual, a Deusa Lua abençoou com a dádiva de ter o poder aumentado significativamente nesse dia.

Devido a esse acontecimento, Dulcan e Dorea haviam sido escalados para a proteção do palácio de Rei Hyperion naquele início de noite, assim como os outros guerreiros de linha de frente da guarda real. O rei de Ametista era um homem muito odiado, e naquela noite, vários seres mágicos aproveitavam o excesso de poder para realizar os mais diversos rituais malignos, quase sempre tendo o homem intolerante como alvo. 

Dorea, uma daemon de curtos cabelos castanhos e asas arroxeadas, correu os olhos negros pelas ruas abarrotadas de Ametista. Várias bandeiras azul escuro com luas prateadas enfeitavam o céu, combinando perfeitamente com o estrelado da noite, e por se tratar de um dia tão agitado, era evidente que os mercadores aproveitaram a deixa para lucrar. 

Haviam incontáveis tendas, algumas vendendo runas, poções e amuletos, que serviriam perfeitamente para os rituais dessa noite, pois qualquer feérico ali, usava exclusivamente esse dia para tentar magias que não conseguiam em outros dias do ano. Tendas com objetos, roupas e principalmente doces e comidas típicas.