"Preparem-se. É a segunda chance de vocês, não desperdicem."-
Lady Tremaine, Cinderella 3❀
Aura sentia cada mínima e insignificante parte de seu corpo doendo. Seus músculos, tensionados em protesto e sua pele ardia pelo desgaste causado pela terra.
Ela se ergueu, apoiando-se nos cotovelos, meio confusa, enquanto sua cabeça girava um pouco. A princesa ainda podia ouvir a voz cheia de preocupação de Morgan a chamando, mas ela não queria olhar para ele.
Sentindo-se irritada pelo momento constrangedor, Aura tentou se erguer do chão com o máximo de dignidade que seu rosto sujo de terra e os pequenos ralados em suas pernas lhe permitiam, mas antes que pudesse fazê-lo, uma dor estonteante em seu tornozelo a fez parar.
Aura olhou para baixo, tentando entender de onde vinha tal dor, entretanto, seus olhos se arregalaram de medo ao ver o que ela julgou serem grandes tentáculos negros rastejando para fora da terra, como várias serpentes, e envolvendo suas pernas em um aperto de ferro.
Sua textura era grosseira e dura, totalmente áspera, e Aura não demorou para notar que na realidade não eram tentáculos.
Eram raízes.
Aura tentou se debater, mas as raízes deslizaram por suas pernas, raspando violentamente em sua pele, envolvendo-a como um casulo. Logo seu tronco e seus braços foram envolvidos pelas raízes, que a arrastavam pelo chão.
Aura gritou, tentando se debater ou agarrar alguma coisa, o aperto ao redor de seu corpo só se intensificou. Uma dor aguda no centro de suas costas a fez arregalar os olhos e gritar como nunca. Suas asas!
O pânico encheu os pulmões de Aura, que se tornava incapaz de respirar. Ela queria gritar, queria chorar, queria pedir por socorro, no entanto, o aperto em seu corpo e o medo que a consumia logo a tornaram incapaz de usar a voz.
Naquele momento, um vulto negro atravessou a visão turva de Aura, avançando contra as raízes. Morgan!
O brilho furioso que tomou os olhos verdes do rapaz poderia destruir exércitos inteiros. Ele ergueu as mãos acima da cabeça e rosnou quando uma névoa surgiu de suas palmas.
Um súbito mal estar a tomou quando chamas negras surgiram ao seu redor, crepitando e queimando as raízes, sem nunca tocá-la. Guinchos horríveis de dor preencheram todo o espaço quando as raízes começaram a recuar, tentando voltar para o subsolo e se proteger, mas Morgan não permitiu. O daemon rugia, ensandecido, enquanto disparava chamas negras pelas mãos em direção ao solo, sem se comover com os gritos da planta.
O rapaz voltou sua atenção para a gigantesca árvore sem folhas, que parecia se contorcer, tremendo diante das chamas, erguida a poucos passos atrás de Aura. Com uma velocidade que a princesa nem sabia ser possível, o daemon avançou contra a árvore agarrando-a com as mãos nuas e, com um urro furioso, a arrancou do chão, tombando-a para o lado.
Quando se viu livre de perigo, Morgan virou-se ofegante procurando Aura com os olhos e os arregalou, cheio de horror, quando a viu caída no chão, exatamente onde as raízes a haviam deixado. O moreno correu até ela, se ajoelhando ao seu lado.
A princesa tinha o corpo encolhido, com os olhos arregalados e cheios de lágrimas. Havia tanto medo em sua expressão que Morgan hesitou em tocá-la, temendo assustá-la ainda mais.
- M-minhas asas... - ela sussurrou, tão baixinho que ele se projetou um pouco para frente, para ouvi-la melhor. - Elas... Elas...
Não havia nada mais frágil do que as asas de uma fada. Sua textura macia e delicada, como a pétala da mais suave flor, era facilmente danificada e, se ferida, jamais se recuperaria. Não haviam segundas chances com asas de fada.
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Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita
Fantasía"Sua luz não deveria iluminar um monstro como eu" Nas mágicas terras de Feeryan, no belo reino de Alexandrita, uma terrível maldição foi lançada em uma alma inocente por um coração em busca de vingança. A princesa Aura, dona de um coração bondoso m...