Capítulo 29

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"O coração dele nunca cicatrizou. É tão triste."- A Pequena Sereia: A História de Ariel

O sol começava a nascer timidamente no horizonte quando o grupo de Morgan entrou no chalé, para repousarem antes de seguirem viagem e retornar para a caverna.

O chalé de madeira era simples, aconchegante e possuía apenas um cômodo extenso. Nele, haviam acolchoados de penas, uma lareira velha, um caldeirão de ferro, além de um pequeno armário com vários frascos contendo todo tipo de ingrediente estranho e várias velas que serviam como iluminação.

Eileen se acomodou no acolchoado de penas rente a porta, ao seu lado direito se acomodou Yanna, e ao esquerdo, Lyones.

Eden e Ezra dividiam outro acolchoado, assim como Aura e Morgan, que se acomodaram mais próximos à janela. Imersos em tamanho conforto, o grupo se permitiu ser levado ao mundo do sono em minutos, exceto por Morgan.

O rapaz de cabelos negros aproveitou o momento sozinho para responder a carta de Lorde Eredor. Escreveu apenas uma carta breve, relatando informações básicas como: o fato da primeira tentativa ter sido falha, a esperança de que desse certo em uma próxima vez, os agradecimentos e os melhores horários para que o elfo lhe retornasse. Assim que terminou, ele estalou os dedos e a carta magicamente sumiu através de uma luz negra e arroxeada, indo rumo ao remetente. Esperou alguns minutos e como havia imaginado, a resposta logo chegou em um suave clarão.

Feito isso, Morgan se aconchegou, trazendo seu raio de sol para mais perto de seu peito. Sorriu para si mesmo ao ver o lindo colar repousando no colo de Aura, a prova de que pertenciam um ao outro. Leria a carta de Eredor em outro momento, tudo que ele precisava era se entregar ao sono profundo, para então, sentir-se pronto para as novas tentativas. Lyones tinha razão afinal, ele não podia perder as esperanças.

Passada algumas horas, ele despertou com o som de algumas risadinhas baixas, ecoando pelo cômodo. Abriu os olhos lentamente, seguiu o som com a cabeça e observou com certo interesse Aura e Ezra, que estavam agachados ao lado de Eden. A loira passava uma pena, provavelmente tirada de um dos acolchoados, sobre o rosto de Eden, enquanto Ezra encharcou a mão do irmão com algum líquido cremoso com cor de lama, tirado do armário de madeira.

- Ez, tem certeza de que isso é seguro? Não sabemos quais serão as reações. - Aura sussurrou, mas sem cessar os movimentos da pena no rosto de Eden em momento algum.

- Oh, não se preocupe. Ele vai sobreviver - Ezra respondeu, um sorriso malicioso brincando em seus lábios. - E além do mais, Ele merece! Depois de ter fofocado para aquelas duas bruxinhas que eu sou um fracasso em relacionamentos, isso é até pouco pra esse traidor de boca grande.

Aura assentiu, sendo acometida por mais uma crise de risadinhas ao ver Eden mexer o nariz, antes de acertar a mão cheia da poção desconhecida no rosto. Isso a lembrava tanto Primrose, certas vezes havia lhe ajudado a pregar algumas peças em Florean.

- Tsc, tsc, tsc. Que coisa feia, senhorita Anne! - Morgan lançou seu pior olhar severo na direção dos dois. - E você Ezra, eu nem me surpreendo.

Aura e Ezra abriram os lábios em exclamação, surpresos por terem sido pegos em flagrante. Mas antes que pudessem ouvir um sermão de Morgan, Eden sentou-se sobre o acolchoado, encarando ambos, confusos pela barulheira.

Morgan que tentava forçar uma feição repreensiva, travou os lábios segurando a risada involuntária que por pouco não sairá. Eden agora tinha grandes lábios, enormes na verdade. Tão grandes que pendiam para frente, incapazes de sustentar o próprio peso.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora