Capítulo 92

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"Alguns nunca encontram seu destino, outros são levados a ele." — Merida, Valente

Não havia como negar, não diante de tantas espécimes de tubarões sereianos que protegiam o palácio afogado, ele, antes herdeiro de Alexandrita, príncipe Florean, estava apavorado e não era pra menos, quando fora escoltado por esses seres que alegaram que o rei dos mares solicitou sua presença, eles não mostraram gentileza alguma, cada gesto era inundado de brutalidade. Isso, até Siren o encontrar no corredor e nadar até ele. Lembrava-se com um certo calor no peito dela dizendo:

"Solte ele! Eu ordeno que o soltem agora!"

Mas nada disso fez qualquer diferença, Florean apenas se deixou ser arrastado em direção ao salão do trono de Pérola, jogado diante do rei Poseidon.

— Senhor — Florean fez uma reverência respeitosa ao estar diante do rei, mas este nem sequer disfarçou o olhar hostil em sua direção, fazendo ele e Siren chegar a conclusão de que Delphine já havia contado as notícias para o pai, e de forma equivocada.

— Não sei se me surpreendo mais por sua audácia de vir até aqui, rapaz, ou a coragem pela bagunça que causou — Poseidon rosnou. Seus olhos cor de mar faiscavam perigosamente enquanto os cabelos acaju dançavam na água ao seu redor.

— Eu peço desculpas, senhor, eu não tive... — Florean tentou justificar o injustificável, mas o rei, normalmente tão alegre, não parecia muito disposto a ouvir.

— Silêncio.

Florean travou os lábios, respirando profundamente com irritação. Honestamente, ele não estava acostumado a ser silenciado dessa maneira,

— Pai, por favor... — Siren interviu. — Ele trouxe Nerissa e Airissa para nós e foi apenas isso.

— Me parece que Nerissa e Airissa não eram o único motivo da visita — O rei olhou de Siren para Florean repetidas vezes. — Poderia ter mandado outro em seu lugar para trazê-las, se fosse realmente o caso.

— Tem razão, senhor. Eu tive meus próprios motivos egoístas para estar aqui.

— É claro que teve, seu patife, mentiroso! — Outra voz foi ouvida no salão. Delphine. Sua cauda amarela balançava violentamente na água. — Eu me pergunto qual foi a maldita rede mágica que usou para pescá-la desse jeito!

Siren conteve a vontade de se encolher ao ver a irmã nadar para perto do trono de seu pai.

— Não me trate como criança, Delphine. Eu posso tomar minhas próprias decisões... — disse Siren entre dentes, agitando sua cauda violeta em nervosismo.

— Uma decisão estupida e impensada — Delphine Ironizou com desdém. — Lorde Seanus sim é um verdadeiro nobre, ele não te tratará como uma companhia para aquecer a cama, e tem todo o poder político que precisamos no momento.

Florean engoliu em seco, mordendo os lábios, a culpa corroendo seus ossos como uma praga. Delphine sabia como ferir alguém com palavras e ela iria tirar proveito disso.

— Eu já lhe disse, Delphine, e ja me cansei de dizer: não se trata de Florean, Se trata de mim. Mas você é incapaz de ouvir alguém que não seja você mesma. — Siren disse de forma dura, fazendo Delphine travar os dentes de ódio.

— Ele é uma ameaça, Siren, ao menos soube do ataque à terra da magia? Ou que ele se voltou contra o próprio pai e o usurpou? Não tem nem mesmo um título para te oferecer — Delphine apressou-se em dizer, como se estivesse montando uma lista mental do porque o antes herdeiro de Alexandrita não era bom para sua irmã.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora