"Eu já não sou capaz
Nunca mais eu vou ser livre
O que eu era se partiu" — Fera, A Bela e Fera❀
No momento em que Aura colocou os pés em Papoula, um vendaval de lembranças invadiu seus pensamentos.
Lembranças de momentos aconchegantes ao redor da fogueira junto de Yanna, de risadas na companhia de Eden e Ezra, da gentileza de Lyones, o carinho e cuidado de Eileen, mas principalmente do amor ainda não descoberto que ela e Morgan compartilharam, da amizade que cultivaram, das risadas cúmplices e de inúmeros lindos momentos que tiveram lá.
Nada havia mudado, nada visível ao menos, mas se tratando do sentir, tudo estava diferente. Aura logo estranhou a presença de Fenrir como lorde de Papoula, a forma como ele largou todas as obrigações para seguir seus irmãos como um cachorrinho, a forma como a População parecia arredia e temerosa... No entanto, havia algo familiar ali: lady Ivyna.
Quando a lady a viu, sorriu de forma tão genuína, abraçando Aura como se ela fosse uma filha que a muito não via. Mas mesmo ela estava diferente. Sua barriga estava enorme e perfeitamente redonda, mas haviam grandes olheiras escuras em seu rosto e seus sorrisos nunca chegavam aos olhos.
Mas Aura já tinha um plano.
Ela partiria, sim, mas deixaria tudo em seu devido lugar.Por saber que ela tinha apenas uma semana de vida, Primrose e Fault faziam de tudo para agradá-la. Nos dois primeiros dias que se seguiram, Aura fez tudo que sentia vontade, tudo na companhia de seus irmãos. Eles passearam com ela pelas ruas, jogaram jogos... fizeram tudo o que a condição debilitada de Aura permitia. Primrose era o riso, Fault o amor, e Aura não se sentiu sozinha. Por horas, Aura pensou no quanto seria divertido viajar com eles.
Era difícil manter-se de pé, ela não conseguia comer e o menor dos esforços parecia cansa-la, mas Aura estava feliz... Ou melhor, quase feliz.
Já era quase o pôr do sol. Fault e Prim a acompanhavam enquanto ela andava lentamente em direção a casinha em que se hospedaram, a mesma casinha em que ela tinha vivido por alguns meses, quando gritos chamaram sua atenção.
Os três irmãos se viraram para ver ninfas correndo desesperadamente, carregando jarras de água e toalhas enquanto gritavam ordens umas para as outras.
— O que é que está havendo?! — Exclamou Prim, recebendo o impacto quando pulou na frente de uma ninfa que quase trombou com Aura.
— Mil perdões, majestade! — Ela exclamou, horrorizada por ter trombado com o príncipe, mas ela rapidamente se esquivou para voltar a correr enquanto gritava por cima do ombro: — O bebê de lady Ivyna está nascendo!
Fault exclamou audivelmente quando Aura perdeu o equilíbrio ao tentar apressar o passo.
— Aura, cuidado! — Ele exclamou assustado, agarrando-a antes que ela caísse.
— Precisamos ir vê-la! — Aura explicou caminhando mais cuidadosamente, com Fault sustentando seu peso.
O trio seguiu a passos lentos, porém o mais rápido que Aura aguentava, em direção a casinha de Ivyna. A porta de madeira estava aberta e, mesmo de fora, era possível ouvir os gritos da lady no interior da casa.
— Eu e Prim vamos esperar aqui fora, Aura. — Disse Fault, beijando-a na bochecha. — Não acredito que lady Ivyna estaria confortável com nossa presença em um momento como esse.
— Sim, vá lá ver como bebês vêm ao mundo, querida. — Prim riu quando Fault o acotovelou na barriga.
Aura seguiu para dentro, menos estável do que estava quando seus irmãos a mantinham de pé. Ela cambaleou pela casinha, se apoiando nas paredes de madeira ou nos móveis de ramos até chegar ao quarto.
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Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita
Fantasy"Sua luz não deveria iluminar um monstro como eu" Nas mágicas terras de Feeryan, no belo reino de Alexandrita, uma terrível maldição foi lançada em uma alma inocente por um coração em busca de vingança. A princesa Aura, dona de um coração bondoso m...