Uma borboleta numa teia de aranha.
Ele tinha que sair dali, tinha que fugir— Como?
Vamos, Harry, pense…
Os anéis—
[função de chave de portal dos anéis de senhorio desabilitadas até segunda ordem]
Porra.
— "O que aconteceu aqui…" — Harry ouviu um chiado e por um instante pensou que era Persephone, mas não, era impossível.
Era Nagini.
Ele fingiu não entender o que a cobra dizia, não queria que Voldemort descobrisse que era um parselmouth, nem sequer fez questão de demonstrar que a percebeu ali.
A presença de Nagini não durou muito, ela saiu logo depois resmungando sobre ir chamar Voldemort.
— "Harry!?" — Era a voz dele. — "O que— O que diabos você fez!?" — Voldemort se aproximou, tentando resgatar Harry da bagunça de cacos de vidro no chão.
— "Não toque em mim! Fique longe!" — Recuou ainda mais, sentindo sua pele arder e se romper quando acabou em cima do vidro. Sua voz estava rouca, uma nota de desespero e uma de medo. — "Não— não chegue perto, não—"
Voldemort parecia em choque naquele momento. O que aconteceu com o garoto fofinho que pouco tempo atrás gemia em sua cama?
— "Vamos, Harry, sou eu, sua alma gêmea, hm? Pare de brincar." — O tom faltava o mesmo carinho de antes. — "Eu te tratei tão bem antes, porque está agindo assim agora? Arrependimento não levará a lugar algum, querido."
Apesar de ter odiado com todo o seu ser, Harry não poderia odiá-lo, não por isso. Voldemort pensava que ele tinha consentido com o sexo.
Porque ele tinha. Em nenhum momento Harry teve a mínima chance de demonstrar alguma aversão.
Mas isso não tornava as coisas melhores.
Doía tanto, ele se sentia tão sujo, usado, mas não poderia culpar ninguém— não poderia culpar Voldemort por isso.
Isso não o fazia sentir-se melhor.
— "Eu… eu quero ir pra casa, pra minha casa." — Harry não ousou encarar Voldemort, ele não conseguiria, não agora.
— "Do que está falando? Essa é sua casa agora, obviamente. Você é minha alma gêmea, meu futuro noivo e Consorte. É natural que moremos juntos." — Harry sentiu o desespero crescer dentro de si mais uma vez, como se existissem mãos apertando seu coração. — "É para a sua proteção. O que acha que seus amiguinhos da luz irão fazer com você quando descobrirem que é minha alma gêmea? Eles irão tentar te matar, ou te usar contra mim se forem mais espertos."
Queria rebater, dizer que Harry e Rony nunca iriam concordar com isso, mas eles realmente não iriam? Ele não tinha dúvida sobre os adultos, Sirius e Remus seriam contra, mas e o resto?
O futuro da Inglaterra mágica, ou um garoto que eles nem conheciam? A resposta era óbvia. Tudo pelo bem maior, não é?
Mas Voldemort não era uma alternativa muito melhor. Ele poderia não ter intenções de lhe usar como um peão na guerra, mas Harry realmente iria conseguir ser sua esposa-troféu e apenas assistir enquanto Voldemort planeja o assassinato dos seus amigos?
Ele iria conseguir ficar do lado de um homem que tinha tanto sangue nas mãos? Trair todos os seus princípios apenas para sobreviver?
Então, Harry percebeu: Ele nunca teve uma escolha em primeiro lugar.
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Hush
Fanfiction[concluída] Harry Evans era um escritor de fanfics conhecido por trabalhar principalmente com universos alternativos e ter uma língua bastante afiada. Bem, ele não hesitava nem por um segundo antes de criticar as fanfics alheias. Ortografia ruim e e...