O prelúdio de um desastre
Harry não encontrou Draco muitas vezes após aquela. Abril veio e se foi e nenhum sinal dele, mas Harry não fez tanto caso assim.
Afinal, não tinham nada.
No final de abril, Elliot deu seus primeiros passos e Harry nunca esteve mais radiante, embora quase tenha chorado toda a água em seu corpo.
Ele estava crescendo cada vez mais e o tempo parecia voar, não importa o quanto tentasse desacelerar.
Se tivesse sorte, teria mais um ano com ele.
Mesmo assim, não prestava atenção nas discussões sobre a guerra, não queria se preocupar com quanto tempo ainda tinha e se decepcionar em descobrir que talvez não fosse tanto quanto esperava.
Nos primeiros dias de maio, quase como se fosse cronometrado, Draco retornou. Não haviam flores, beijos ou qualquer coisa, apenas um pedido: que Harry o ouvisse.
"Eu te amo, mas eu não posso te cobrar por algo que você não sente. Sabe, qualquer coisa que tentarmos construir será como um castelo de cartas, e eu não serei um tolo para ficar abaixo dele enquanto desmorona."
Deixou aquilo afundar em sua mente, respirar o ar mesmo que machucasse seus pulmões.
Permitiu que doesse, permitiu que o fim chegasse. Porque precisavam dos finais para recomeçar.
E, em pouco menos de uma semana para o aniversário de um ano de Elliot, Harry pode perceber que sim, realmente estava quebrado.
Doeu, doeu como o inferno, doeu como se o mundo inteiro pesasse em suas costas, doeu como se seu sangue estivesse fervendo.
Se sentia como uma floresta em chamas, sendo queimada até as cinzas. E também era o fogo que destruía sua mente.
Voldemort o quebrou.
E Harry começou o incêndio.
A fumaça queimava seus pulmões e fazia seus olhos arderem, porque no fim, também era a pessoa que assistia a floresta em chamas, sem fazer nada além de sufocar com o ar tóxico.
Mas no fim, estava quebrado, terrivelmente quebrado. Voldemort o quebrou e não poderia negar isso.
E não sabia como começar a recolher os cacos do chão.
O aniversário de Elliot veio, dia quatorze de março, mas não houve tanta comemoração quanto gostaria.
Preparou um bolo que não ficou tão gostoso quanto esperava e foi o único que comeu, era decadente e até mesmo um pouco melancólico, mas a esse ponto o que não era decadente e melancólico na sua vida?
Elliot ganhou presentes de Sirius e Remus, até mesmo Draco enviou um brinquedo, assumindo ser o autointitulado padrinho dele. Sirius ficou um pouco ciumento, mas tudo bem.
Enfim, o tempo não espera por ninguém. Ao fim do dia, se deitava na cama com Elliot sobre sua barriga.
Um ano. Já faz um ano desde que Elliot nasceu. Em pouco mais de dois meses estaria fazendo dezessete. Não importava como olhasse para isso, era trágico.
Voldemort roubou sua adolescência.
Mas não trocaria Elliot por nada, ele era o único pilar que mantinha sua sanidade.
— "...papa…" — Voltou sua atenção para seu filho no momento que ele o chamou, encarando os olhinhos verdes idênticos aos seus.
— "O que foi, meu amor? Está com fome?" — Iria chamar Kreacher, mas Elliot decidiu continuar.
— "Papa… a.. ha..hawey.." — E então o sorriso desdentado e a risada gostosa que amava ouvir. Harry chorou até a sua alma naquele momento.
E, não importava o quanto pedisse para Elliot repetir na frente de Remus e Sirius, ele nunca mais disse seu nome.
Assim, maio se foi.
Junho veio com o calor do verão, era uma pena que não pudessem sair para o lado de fora. Mas fazia o seu melhor para que Elliot pegasse o sol da manhã.
Era apenas mais uma tarde tranquila em Grimmauld Place, mas toda vez que isso é citado, é o prelúdio de um desastre.
E dessa vez não foi diferente.
Elliot brincava com seus blocos de montar e Harry observava no canto, era quinta-feira e deveria estar rolando uma reunião complementar da ordem nesse momento.
Um patrono surgiu, era uma raposa, mas, ao contrário do que esperava, veio em sua direção.
"Mundungo traiu a ordem! Voldemort sabe a localização da sede!"
Por um segundo, foi como se o mundo tivesse acabado e não pode respirar.
A raposa seguiu seu caminho para informar os outros membros. Harry pode se permitir apenas cinco segundos de choque, tudo após isso era suicídio.
Pegou Elliot nos braços e correu para o andar de baixo, onde a confusão já estava armada.
Mas não escutava nenhuma voz, as coisas saíam por um ouvido e entravam por outro. Remus ou Sirius, não pode ver seu rosto com clareza, o puxou para a lareira.
E, no momento que passavam pela rede de flu, a última coisa que viu em Grimmauld foi os comensais invadirem pela porta da frente.
Saíram em Hogsmeade e seguiram para Hogwarts.
Mas não esperavam que os comensais tivessem chegado lá primeiro.
As instruções gritadas em seu ouvido eram bem simples na teoria — conseguir uma vassoura, ir até uma das torres e fugir.
Para onde? Poderia pensar nisso quando estivesse fora de Hogwarts.
Fugiu da batalha principal, se escondendo pelos corredores, mas era uma tarefa difícil quando tinha um bebê nos braços.
E Harry nunca iria admitir em sua vida, mas Snape foi como a luz no fim do túnel.
Primeiramente, foi um pouco constrangedor, ambos parados de frente ao outro no mesmo corredor, se sentia como um cervo nos faróis.
— "Professor." — Cumprimentou de forma polida, mesmo que não frequentasse as aulas de Snape por motivos óbvios.
Mas sem tempo para isso, precisava fugir de alguma forma.
Olhou para Elliot em seus braços.
Não poderia fugir com um bebê, mas também não poderia deixá-lo para trás.
Snape teve um péssimo pressentimento.
— "Absolutamente não." — Snape respondeu no momento que Harry abriu a boca. Azar o dele que não era do tipo que desistia fácil.
— "Por favor, eu imploro…" — Nesse momento, até mesmo ficou de joelhos apelando para o emocional de Snape. Afinal, tinha os olhos de Lilian. — "Ao menos o meu filho, por favor, ao menos salve o meu filho."
Harry não teve tempo para se despedir de Elliot. Ele foi arrancado de seus braços e Snape se foi, doeu em seu coração ver seu filho chorando, gritando por ele, mas era o melhor que poderia fazer.
Se não fosse conseguir fugir, ao menos sabia que seu filho viveria.
Não confiaria em Snape para nada, mas sabia que Elliot estaria seguro com ele.
Não teve tempo para melancolia, porque a guerra não parava e atrás de si escutou um sibilar de cobra.
"Harry Le Fay… onde está Harry Le Fay… Ache ele… ache ele…"
Para o seu desprazer, era Nagini.
E não teve outra escolha a não ser continuar correndo, mas pela direção oposta ao seu objetivo.
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Hush
Fanfic[concluída] Harry Evans era um escritor de fanfics conhecido por trabalhar principalmente com universos alternativos e ter uma língua bastante afiada. Bem, ele não hesitava nem por um segundo antes de criticar as fanfics alheias. Ortografia ruim e e...