Capítulo Quarenta e Quatro

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Voltando mais cedo do que eu esperava para mais um capítulo de Hush! Espero que nesse capítulo não tenha ninguém me cobrando terapia, amém.

200 bpm em repouso

As mesmas mãos de sempre percorriam seu corpo, foram tantas vezes que Harry perdeu a conta. E parecia familiar o suficiente para que tivesse enjôo.

Memorizou cada calo nos dedos, cada dobra, todos os toques gentis e todos os rudes.

Conhecia as mãos de Voldemort como se fossem as suas, e ele conhecia seu corpo como se fosse um mapa.

Algo que era familiar, que ele já sabia como manejar.

Seu corpo estava pesado, tão pesado, até mesmo erguer um dos dedos parecia difícil.

Olhando para o lado, estava um bebê.

O seu bebê.

Ele tinha olhos vermelhos e as orelhas mais se assemelhavam aos chifres de um diabo.

Na porta, estavam Narcisa e Fenrir.

Eles o olhavam como se fosse nojento. E Harry pensou que talvez eles tivessem razão.

As mãos de Voldemort — calejadas, sujas, familiares — alcançaram seu rosto. Ele o beijou, fazendo Harry olhar bem fundo em seus olhos vermelhos e-

— "Você tem sonhos comigo com frequência, Harry?"

Não era o teto do seu quarto na casa de Voldemort, não era a mesma cama, as mãos não eram as mesmas.

Dois pares de mãos o impediram de se levantar da cama. Não era familiar, mas era um pouco reconfortante.

— "Teve um pesadelo, filhote?" — Ouviu a voz sonolenta de Sirius, não duvidava que ele não tinha nem mesmo aberto os olhos. Remus, por sua vez, fazia carinho em seu cabelo.

Seu coração estava batendo tão forte que poderia ouvir em seus ouvidos.

Tu-dum. Tu-dum. Tu-dum.

Sentia que iria sair pela sua boca a qualquer momento, mesmo que isso fosse impossível.

— "... não foi nada." — Murmurou em resposta, eles não insistiram mais, sabendo que seria inútil tentar arrancar qualquer coisa de harry.

O carinho em seu cabelo continuou até que Remus caiu no sono, junto com Sirius. Harry estava no meio deles, em uma espécie de ninho protetor.

Mas não conseguiu dormir.

Seu coração não diminuiu os batimentos por nem mesmo um segundo.

Não importa o quanto repetisse para si mesmo que estava seguro, que Voldemort nunca iria o encontrar ali, o anel queimava em seu dedo, uma lembrança constante de que não estava livre.

Ainda.

Saiu daquela maldita mansão, mas mesmo assim não conseguia relaxar.

Mesmo que Voldemort não estivesse ali, tinha certeza que era apenas questão de tempo.

Afinal, escapar não seria tão fácil assim, não é?

O sono não veio e o sol nascia no horizonte, um novo dia.

Se levantou da cama com cuidado para não acordá-los, o chão frio fazendo todo seu corpo arrepiar e seus dedinhos do pé se encolherem.

Foi até a janela, os primeiros raios de sol tocando seu rosto. E Harry respirou fundo, sentindo seu coração finalmente se acalmar.

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