Nove em biologia
Harry tinha um grande problema em suas mãos.
Ou melhor, em sua barriga.
Não poderia esconder a gravidez, uma hora a barriga ficaria aparente e Sirius já o olhava estranho após seus enjoos. Remus então, ele sempre demorava seu olhar em sua barriga, já deveria saber.
Um segundo filho…
Até onde sabia, não existia um medibruxo na Ordem e eles não poderiam o levar para um hospital, não quando tinha um rastreador preso em seu corpo.
Sabia que teria um parto mais humanizado agora que estava com seu padrinho, mas…
Iria suportar?
Era seu filho, apenas seu, mas e se tivesse os olhos dele?
Bem, não era como se pudesse retirar de forma segura. Enfiar outra faca em sua barriga? Fora de questão, não queria morrer. Muito menos ter que ser levado às pressas ao St Mungus e ser descoberto por Voldemort.
Estava preso.
Apenas lhe restava suportar os próximos meses tortuosos, torcer para Voldemort ser derrotado até lá, para que pudesse ter um destino decente.
Liberdade…
Seria sonhar muito alto almejar por ela?
Tropeçou em um ou dois livros sobre almas gêmeas na biblioteca dos Black — o fim de Voldemort seria seu fim também, suas almas estavam ligadas pela eternidade.
Se Voldemort morresse, Harry o seguiria.
Se Harry morresse, Voldemort ainda tinha uma horcrux que o prendia nesse mundo.
Mas mesmo assim, não era algo imediato — demoraria meses, até mesmos anos, uma década inteira para a alma sucumbir por falta de sua alma gêmea.
Seria horrível.
Mataria Voldemort e, quando os sintomas começassem a piorar, iria partir desse plano por conta própria.
Isso fez seu peito doer — será que viveria até Elliot ir para Hogwarts? Provavelmente não. Iria sucumbir antes.
Não poderia ver seu filho crescer.
E o bebê que crescia em sua barriga…
Teria o mesmo destino.
Cada segundo que pudesse passar com seu filho era uma dádiva. Mas agora tinha que ter uma conversa séria com Sirius e Remus.
Elliot estava dormindo no andar de cima, e Harry e os outros dois adultos ao redor da mesa da cozinha.
— "Tem algo para nos contar, Harry?" — Remus iniciou, ele e Sirius pareciam até mais nervosos que Harry. Iria rir se o momento não fosse tão tenso.
— "Na verdade, sim. Elliot não é a única coisa que eu roubei de Voldemort." — Respirou fundo, seja direto, sem enrolações. — "Eu estou grávido."
Pode finalmente soltar o ar que prendeu em seus pulmões, sentindo que tirou um peso de suas costas. Já Sirius e Remus pareciam que carregavam o peso do mundo inteiro.
— "Grávido. Como…"
— "Eu tenho mesmo que dar A Conversa para dois homens adultos?" — Não deveria estar fazendo piada em um momento como esses, mas era mais forte que ele.
— "Harry, por Merlin, não é hora para isso!" — Sirius se levantou, passando a mão pelo cabelo e contemplando nada.
— "Você sabe com quantos meses está?"
— "Pelos meus cálculos, talvez… dez semanas." — Harry assistiu com um pouco de satisfação os dois adultos demorando um pouco para converter aquilo em meses.
Mas logo o clima voltou a ficar tenso novamente.
O que vamos fazer agora?
Uma pergunta que não teve resposta, por mais que passassem a tarde discutindo sobre isso. Harry ainda não sabia se queria essa criança ou não, Remus apoiaria qualquer que fosse a sua decisão e Sirius parecia inclinado a o convencer a abortar.
Tem um chá, você pode pedir para aquele elfo insolente preparar. É uma receita de família.
Harry disse que iria pensar sobre.
E então, Sirius o pediu para passar o resto da tarde no andar de cima, já que alguns membros da ordem iriam chegar por essa hora.
Harry apostaria em uma reunião de emergência após as informações que deu a Dumbledore.
Se trancou no quarto junto a Elliot e, enquanto ele dormia, Harry lia um livro que pegou na biblioteca mais cedo — mas na verdade nem prestava atenção nas palavras.
Esteve prestes a chamar Kreacher mais vezes do que gostaria de admitir.
Seria apenas chá, um gosto ruim de planta, já que provavelmente deveria tomar puro — sem mel, leite ou açúcar.
Teria dores abdominais, sangramento e… estaria morto.
Mas então, olhava para Elliot dormindo no berço.
Estava realmente fazendo o certo?
Queria que alguém pudesse tomar a decisão por ele naquele momento. Não aguentava ter esse peso em suas mãos.
— "Você vai querer de que?" — Perguntou com um sorriso gentil, já tirando o dinheiro de sua carteira. Harry esboçou um sorriso travesso, pronto para deixar seu amigo sem nenhum tostão depois.
Mas…
Bem, eles ainda precisavam do dinheiro da passagem para voltarem para casa.
— "Chocolate."
E ele voltou com dois milkshakes em mãos, enquanto Harry aproveitava, viu ele retirar um livro da mochila.
— "Ah, não, nem fodendo você vai estudar agora, caralho, estamos de férias!" — Tomou o livro das mãos dele. Era biologia.
— "Você está de férias, eu fiquei em biologia e química, lembra? A prova de recuperação é amanhã, tenho que estudar." — Pegou o livro de volta, Harry revirou os olhos.
— "Então deixa que eu ajudo, me dá esse livro aqui, vamos, vamos." — Harry pigarreou, abrindo na página marcada e se preparando para imitar a voz de mosca morta da professora.
Na semana seguinte, foram tomar milkshake de novo, afinal, █████ tirou nove em biologia.
Harry não poderia acreditar que a biblioteca Black não tinha um único livro de biologia. Bem, era um pouco esperado, já que eles provavelmente iriam preferir dar um tiro no pé do que permitir algo de origem trouxa em sua casa.
Talvez um livro de ensino médio não fosse a fonte mais completa, mas tinha certeza que encontraria algo sobre gravidez nele.
Passou por mais uma sessão de livros de magia negra de conteúdo questionável quando ouviu uma voz familiar demais para seu próprio bem.
— "Harry?"
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Hush
Fanfiction[concluída] Harry Evans era um escritor de fanfics conhecido por trabalhar principalmente com universos alternativos e ter uma língua bastante afiada. Bem, ele não hesitava nem por um segundo antes de criticar as fanfics alheias. Ortografia ruim e e...