Capítulo Trinta e Três

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O filho de um monstro.

Por mais que Harry odiasse, o tempo continuou passando. Mais cartas vieram e foram queimadas, Draco sempre o garantia que iria lhe tirar dali, mas Harry nunca acreditou.

Uma andorinha não faz verão.

Maio chegou e sua rotina não mudou muito. Harry odiava olhar para seu corpo e odiava cada vez que o filho daquele monstro se movia dentro de si.

Ele cansou de chorar, sentia que iria desidratar com a frequência que fazia isso, mas não havia nada mais que poderia fazer. Arranhava sua pele, desejando que suas unhas fossem afiadas e longas o suficiente para conseguir romper o tecido muscular, fazer uma bagunça, danificar além do reparo para Voldemort nunca mais poder o forçar a ter uma criança.

Mas não importava o quanto ele tentasse se machucar, nunca conseguia. Suas unhas eram bem cortadas e um pouco fracas. De qualquer forma, estava sempre com companhia.

Sete meses.

Com o risco de aborto espontâneo sendo abandonado após os três primeiros meses, a única preocupação era que o feto crescesse saudável.

Voldemort aparecia com mais frequência, junto com "presentes". Não para ele, óbvio. Brinquedos mágicos, roupas pequenas e delicadas, sapatinhos que cabiam na palma de sua mão.

Ele conversava com o bebê, prometendo as mais diversas glórias e sobre o tanto de poder que aquela criança teria. Isso era o que mais assustava Harry. Se aquela guerra se estendesse por muito tempo, tempo o suficiente para aquela criança crescer e se desenvolver, não haveria mais chances para o lado da luz.

Ele facilitou o caminho do Potter, apenas restava uma horcrux, contando que Dumbledore conseguiu o anel.

Apenas restava rezar que eles vençam o Lord para que enfim pudesse se livrar daquele inferno. Harry nunca foi do tipo religioso, mas se realmente existisse um ser acima deles, implorava que tivesse misericórdia consigo.

oOo

Era uma tarde… tranquila.

Narcisa estava presente nesse dia, era uma reunião de comensais e ela acompanhava Lucius, lhe contando algumas notícias do mundo exterior.

Foi quando tudo começou.

Harry pensava que era apenas uma dor comum, nada para se preocupar, mas era estranho. Demorou algumas horas para contar a Narcisa do seu desconforto.

As dores estavam ficando mais fortes e com um espaçamento de tempo menor.

— "Por Merlin, acho que você está em trabalho de parto, Harry." — Narcisa parecia tão assustada quanto ele. Outra contração o atingiu com força, o suficiente para derrubar a xícara de chá de camomila de suas mãos.

Ela chamou os Lestrange, que ficaram encarregados de chamar o curandeiro e avisar o Lord, enquanto isso, Narcisa o conduzia até o quarto, fazendo perguntas que Harry mal conseguia pensar para responder.

O curandeiro apenas confirmou o que já sabiam, havia entrado em trabalho de parto. Aquela criança iria nascer prematura.

— "Não há nada que você possa fazer para adiar isso!? Meu herdeiro não pode nascer tão cedo!" — Voldemort esbravejava na cara do homem enquanto Harry sofria sobre a cama.

Narcisa enxugava sua testa e segurava sua mão, sussurrando palavras de conforto e encorajamento em seu ouvido.

Harry tremia, estava assustado, tão assustado.

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