Capítulo Vinte e Nove

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Punição de nível 7.

O almoço se passou em um flash, agora Harry estava sentado na sala de estar, em frente a lareira enquanto olhava para o relógio. Às três da tarde em ponto a lareira se acendeu e saiu de lá Narcisa Malfoy com uma graça e naturalidade que ele nunca poderia ter.

— "Harry, é bom vê-lo." — A mulher sorriu, Harry se levantou para abraçá-la. Ela havia se tornado mais importante em sua vida do que poderia mensurar, um oásis no meio de um deserto.

Eles conversaram um pouco. Perguntou sobre Draco, Narcisa disse que ele estava bem. Ela estava mentindo, Harry sabia.

Narcisa perguntou se Voldemort havia feito algo ruim com ele. Harry disse que não, uma mentira. Ela sabia.

— "Deite-se no sofá, irei lançar um feitiço de diagnóstico." — Instruiu.

Harry não gostava de hospitais e consequentemente consultas médicas, desde pequeno foi assim. Perdeu seu pai em uma maca de hospital, viu o mundo da sua mãe desabar enquanto se afundava em dívidas. Não era algo que gostava de pensar.

Aconteceu anos atrás, não havia necessidade de remoer esse passado.

Respirou fundo, sentindo um frio em sua espinha quando o feitiço foi lançado. Sentiu uma dorzinha em seu dedo, Narcisa havia furado com uma agulha e deixava algumas gotas caírem em um pergaminho.

Aquilo o trazia lembranças.

A mulher pegou o pergaminho, lendo com pressa as palavras ali escritas e Harry viu quando ela pareceu ficar aterrorizada.

— "Você.... você está grávido, Harry." — Narcisa parecia tão chocada quanto ele e Harry realmente quis morrer nesse momento.

Não, não, não

Ele viu a mulher se levantar e sabia que ela iria falar para Voldemort. Ele queria gritar, implorar para ela não falar nada.

Mas nenhuma palavra conseguiu escapar de sua boca.

Ele não pode fazer nada além de assistir até que Narcisa sumisse do seu campo de visão e ele pode finalmente se mexer.

Aquela criança não poderia nascer. Ela seria filha de dois dos bruxos mais poderosos da Inglaterra, só os deuses sabem o quão poderosa essa criança seria e esse poder não poderia ficar nas mãos de Voldemort.

Harry se recusava a ter o filho do monstro que o estuprou. Ele se recusava a ter uma prova viva e respirando de tudo que aconteceu.

Correu com todas as suas forças em direção a cozinha que felizmente não ficava muito longe dali, ele vasculhou as gavetas com pressa até encontrar o que queria: uma faca afiada o suficiente. Ele respirou fundo, se preparando para o que iria fazer a seguir.

Puxou a camisa para cima, o suficiente para expor a barriga lisa, sem nenhuma elevação que deixasse aparente a gravidez.

Se ele estivesse certo, o útero deveria estar alguns dedos abaixo do umbigo, ele segurou o cabo da faca mais firmemente, mas uma mensagem do sistema o impediu.

Se ele estivesse certo, o útero deveria estar alguns dedos abaixo do umbigo, ele segurou o cabo da faca mais firmemente, mas uma mensagem do sistema o impediu

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[ Alteração drástica no enredo identificada, pedindo ao estimado Host para largar a arma branca ou uma punição nível 7 será iniciada ]

Vai se foder.

[ Último aviso, pedindo ao estimado Host para largar a arma branca ou uma punição nível 7 será iniciada ]

Harry não largou a faca e ignorou o sistema, apunhalando o seu abdômen. Doía como o inferno, gritou a plenos pulmões. Aquilo era necessário, repetiu para si mesmo.

Aquela criança não poderia nascer.

[ Iniciando uma punição nível 7... ]

A dor explodiu em seu corpo, tanto da faca quanto da punição. Era como se todos os seus ossos estivessem sendo quebrados e remendados apenas para serem quebrados novamente. Seu sangue parecia água fervente correndo pelas suas veias e cada célula do seu ser gritava de dor.

Sua visão estava ficando escura e ele podia sentir sua força se esvaindo. Ele ouviu os gritos de Narcisa e Voldemort.

Num último fio de força, para garantir que havia matado o que quer que crescia em seu ventre, ele girou a faca. Não importava se ele morresse por causa disso, até a morte seria um alívio.

A dor o consumiu mais uma vez antes da sua consciência se esvair. Harry tinha medo de morrer, entretanto dessa vez ele gostaria de nunca mais acordar.

Mas esse mundo o odiava demais para o deixar ir tão fácil assim.

oOo

Estava claro.

Claro demais.

— "...ndo! Chamem o Lord!" — Ouviu uma voz distante que se aproximava cada vez mais.

Harry finalmente abriu os olhos.

Se sentia entorpecido.

A primeira coisa que viu foi o teto de um quarto. O quarto que ele dividia com seu marido. Com muito pesar, Harry percebeu que não havia morrido.

E então, ele viu os olhos vermelhos.

— "Porque ele não tem reação?" — Voldemort falou com outra parte até então desconhecida por Harry.

— "Ele está sob sedativos, meu senhor." — Não era Narcisa ou alguém que Harry conhecia. Algum comensal, talvez.

— "Corte a medicação." — A fala foi rude, áspera. Voldemort saindo do seu campo de visão. — "Essa vadia merece sentir a dor." — Ah, Harry deveria ser a vadia, certo? Bem, onde estava a fachada de casamento feliz? Talvez Voldemort pensasse que não poderia ouví-lo.

— "Como quiser, meu senhor. O efeito da última dose deve passar daqui algumas horas." — As vozes sumiram.

— "Harry? Harry! Pode me ouvir? Pisque duas vezes se sim, ok?" — Narcisa chegou logo após, suas mãos tremiam contra sua bochecha, ela parecia preocupada e exausta, como se não tivesse dormido por semanas. Harry piscou os olhos duas vezes, de forma preguiçosa, vendo o alívio tomar conta da mulher. — "Graças a Merlin. Nunca mais me assuste desse jeito."

Deu uma pequena bronca, Harry iria sorrir, se pudesse.

— "Você esteve em coma durante os últimos dias... Hoje é dia dois de setembro, você esteve desacordado pelos últimos dias… Foi algo muito irresponsável o que fez, Harry, poderia acabar morto!" — Quem gostaria de viver assim? Harry queria responder. Narcisa não iria entender, ninguém conseguiria entender.

— "Se você não tivesse quase morrido, o Lord teria o feito. Acho que já esperava isso, mas você perdeu o bebê." — Harry se sentiu um ser humano horrível por estar aliviado com a notícia. Ele era mesmo tão ruim assim?

Ficar feliz com a morte de algo que nem chegou a viver.

Harry repetiu para si mesmo que era o certo a se fazer, que ele fez bem. Aquela criança não teria uma boa vida, Harry duvidava que poderia amá-la e Voldemort era apaixonado apenas pelo poder, estava fadado a dar errado desde o princípio.

Mas no fim era puramente uma razão egoísta. Ele não queria ter aquela criança porque Voldemort era o pai, porque não queria ter uma lembrança viva de tudo que passou.

Ele era tão egoísta assim?

Sentia remorso, não pelo o que fez, mas por não sentir remorso disso. Por sentir alívio.

Harry chorou.

E Narcisa estava lá para confortá-lo.

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