Capítulo Cinquenta

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Corpo no abismo.

- "Harry, harry~ de...devagar-ah" - As unhas curtas arranhavam suas costas, mas não o suficiente para romper a pele.

Harry parou por um momento, beijando a pele clarinha do pescoço e fazendo carinho em suas costas.

- "Tudo bem, vamos devagar." - Murmurou, se afastando para beijar seus lábios e continuar, de forma lenta.

Era errado querer se sentir amado, ao menos um pouco?

Não o tipo de amor que Remus e Sirius poderiam oferecer, ou até mesmo seu filho, que nem sabia o que essa palavrinha significava. Não, um tipo diferente de amor.

O amor romântico, carnal.

Era errado? Se não, então porque se sentia sujo?

Tudo começou quando retornou a Grimmauld Place, mais tarde naquele dia.

Madame Pomfrey recomendou repouso absoluto, além de informar que, após mais esse aborto, sua fertilidade foi altamente prejudicada, se conseguisse gerar uma criança seria um milagre.

Harry não viu isso como uma notícia ruim, finalmente deu um jeito na fertilidade exacerbada das fanfics em que qualquer transa havia gravidez - e nenhum ciclo menstrual.

Enfim.

Sem mais bebês, fábrica fechada, apenas ele e Elliot agora.

Sirius era especialmente cuidadoso: Nada de sair da cama a hora que quiser, nada de comer refeições muito pesadas, todo dia andar pela casa para exercitar o corpo e sempre acompanhado, deixar que ele e Remus cuidassem das necessidades de Elliot durante esse tempo.

Harry queria que esse período durasse até mesmo um pouco mais, já que estava apenas curtindo a parte boa de ter um filho e deixando o resto do trabalho para os outros, mas não aguentava mais ficar preso àquela cama.

Estava sempre ocupando sua mente, ou então iria começar a pensar demais.

E a sua própria mente seria a única prisão que nunca poderia escapar, apenas na morte se estivesse certo e apenas restasse uma não-existência.

Não iria mentir, tinha medo de morrer. Era jovem demais para isso e agora tinha um filho.

Mas, preferia morrer para ter liberdade do que viver preso.

Quando estava com Voldemort, sempre teve algo que o impediu de acabar com tudo de uma vez - tinha esperança demais.

Mas agora, sabendo que o prazo limite de sua existência nesse plano era extremamente curto, queria apenas aproveitar o tempo que tinha.

Cantava para seu filho, conversava com ele, para que ele nunca esquecesse de sua voz.

Seu Elliot cresceria como mais um órfão da guerra, seria difícil, mas sabia que poderia contar com Sirius e Remus para que cuidassem dele.

Esperava ao menos que seu filho se lembrasse, mesmo que um pouco, de sua voz, ou ao menos das canções. Era a única coisa que poderia querer.

Duas semanas de ouro se foram com o vento.

Era novembro, o tempo passava rápido demais e Harry ficava cada vez mais receoso. O risco da guerra era iminente e não poderia definir um desfecho considerando o quanto mudou a história e como eram os "finais felizes" dessas fanfics - ou melhor, as que tinham um final.

Voldemort vencia a, palavras dos leitores, não minhas, cabra velha e instalava seu plano de dominação do governo.

Harry estava genuinamente com medo. Não de Voldemort, não teria medo de um filho da puta como ele, mas de seu lado não ser forte o suficiente para detê-lo.

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