Capítulo Oito

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Sangue nas mãos.

Quando parou de correr, Harry quase desabou no chão. Quase. Seus pulmões doíam e todo seu corpo tremia pelo esforço. Por um momento, até mesmo respirar era doloroso.

Estava morto.

Voldemort o matou.

Um monstro.

Ainda se recuperando da longa corrida, Harry cambaleou dentre as árvores, chegando ao seu objetivo inicial.

O unicórnio estava caído no chão.

Sangue prateado se destacava na terra.

O espectro do que um dia foi Lord Voldemort sobre o corpo branco e puro do animal. Ele reconheceu sua presença ali.

Por alguns segundos, foram apenas os dois se encarando. De repente, Harry se sentiu bastante consciente da sua nudez e recuou para se esconder atrás de uma árvore ou o que for.

O movimento repentino quebrou o que quer que estivesse acontecendo ali e a figura encapuzada avançou em sua direção, ele recuou, querendo correr, mas todo o seu corpo protestava.

Pulando a sua frente como um defensor e afastando Voldemort, estava um centauro. Ele se erguia majestosamente, forçando Voldemort a escapar.

Harry caiu de joelhos na terra, sentindo-se exausto, não apenas fisicamente. Ele não aguentou olhar para o animal morto, apenas um relance foi o suficiente para surgir um nó em sua garganta e seus olhos arderem.

— "Você não deveria estar aqui, ninfa. A floresta avisou você." — Ele ouviu a voz de Firenze após algum tempo de silêncio absoluto.

Respirando fundo algumas vezes, Harry se levantou e cambaleou até o unicórnio. Estendeu as mãos trêmulas para o tocar.

Ainda estava quente.

Talvez, ele pudesse—

— "Não faça isso ou você irá se tornar um monstro pior que aquele." — O centauro avisou, como se tivesse lido seus pensamentos.

Harry aceitou o conselho de Firenze, finalmente tomando alguma racionalidade no meio daquele turbilhão de emoções.

Ele não fez nada mais que apenas deslizar uma das mãos por sua crina ou o pelo suave, se despedindo do que talvez ele poderia chamar de amigo. O centauro respeitou seu luto e não interferiu, apenas observando a distância.

Mesmo sabendo que não serviria de nada, Harry curou as feridas e limpou o sangue prateado. Quando ele percebeu, sua visão estava embaçada e as lágrimas caiam no unicórnio.

Ele se sentia horrível por não ter feito nada para impedir.

Passaram-se horas.

Agora parecia real, real até demais. Não eram mais simples palavras de uma fanfic. O calor que se esvai lentamente não poderiam ser apenas palavras, era real.

— "Não vai demorar muito para amanhecer, você deveria voltar." — Quebrando o silêncio perturbador, Firenze estendeu sua mão sobre o ombro de Harry.

O centauro ficou observando durante todo esse tempo, deve ter sido entediante, Harry pensou.

— "Eu não quero voltar e ter que ver seu rosto novamente. Eu irei matá-lo ou me matar se tiver que fazer isso." — A voz quebrada e rouca de Harry fazia sua garganta arranhar.

— "Então mate-o, se vingue, destrua até o último resquício da sua existência. Mas isso não vai trazer o unicórnio de volta, nem diminuir sua dor. Você vai apenas acabar com sangue nas mãos."

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