Capítulo Vinte e Cinco

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Algemas de prata e pedras preciosas.

Uma semana se passou desde que seu inferno pessoal começou.

Harry não poderia deixar aquele quarto, sua varinha foi arrancada de si e cada pequena estratégia que começava a formular para fugir era automaticamente bloqueada pelo sistema de mensagens. 

Lembrava a si mesmo que era apenas uma máquina cumprindo comandos. As máquinas não sentiam nada, muito menos empatia. Mesmo assim, Harry não se cansava de gritar sobre o quanto aquilo era desumano

Ele era mantido como um animal em uma gaiola, a esse ponto todos os poderes que sua herança havia concedido foram bloqueados. Harry se sentia como se estivesse acorrentado, nenhum único fluxo de magia fluindo por seus dedos. Nada. 

Nem mesmo a sua floresta, sua casa, ele poderia sentir mais. Não havia mais aquele pensamento no fundo da sua mente que o chamava para deixar tudo para trás e se afundar na floresta, viver o resto dos seus dias dedicado à natureza. 

Harry se sentia tão vazio

Voldemort vinha toda noite, sem falta. Às vezes, ele tentava convencer Harry a ficar do seu lado na guerra — como poderia se submeter a isso? Se recusava — e em outras, apenas ficava parado, o assistindo enquanto dormia. Uma vez, Harry encontrou sêmen em seu rosto quando acordou. 

Se sentia tão sujo. Tão… violado

Ele não viu mais Narcisa e a cada dia sua preocupação aumentava. Como estavam Draco e os outros? Como estava Persephone com a sua ausência? Estariam procurando por ele? Ah, Sirius e Remus… Como eles iriam reagir ao saber que seu afilhado sumiu? 

A cada dia as perguntas apenas cresciam e nunca vinham com respostas.

Os elfos que traziam suas refeições foram proibidos de trocar uma mínima palavra com Harry. Tudo era muito líquido e Harry não era burro para não perceber o porquê.

Voldemort pensava que, se tivesse a oportunidade, Harry se machucaria ou nos piores casos tentaria se matar. 

O vidro do espelho tinha vários feitiços para resistir ao impacto, nada cortante ou perfurante era permitido naquela suíte. 

Não existia nenhuma rota de fuga possível, pois Harry sabia que não era apenas uma chave que o mantinha trancado naquele quarto.

Ele passava os dias andando em círculos, pensando demais, sentindo demais. Pensamentos e sofrimentos que não levariam a lugar nenhum além de auto tortura. 

Harry perdeu as contas de quantas vezes tentou destruir aquele quarto com as próprias mãos, apenas para ele voltar a ficar intacto após menos de horas. Em algum momento ele parou, sem energia mais para todo aquele ódio. 

Foi apenas uma semana, mas era insuportável. 

Assistia pela janela o pôr do Sol do oitavo dia, quando o barulho da porta sendo aberta o despertou. 

Harry quase não acreditou quando viu Narcisa ali. Ela sorriu, um pouco tensa, segurando o que pareciam ser roupas e uma pequena caixa. 

— "Olá, Harry, como está se sentindo?" — Começou, claramente preocupada com algo. Harry teve um pressentimento ruim. 

— "Voldemort te mandou, não é? O que ele quer?" — Não perdeu a forma que Narcisa pareceu prender a respiração ao nome do Lord ser citado. Voldemort não era bom, ele não deixaria Narcisa vir o visitar a troco de nada. 

— "O Lord me pediu para vir prepará-lo para a reunião em que irá apresentá-lo como seu futuro consorte." — Harry sabia muito bem o que havia atrás desse "pedir". Para Narcisa estar tão tensa, só poderia significar que havia uma ameaça por trás dessa ordem. 

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