Capítulo Quarenta e Oito

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Se essa rua fosse minha

— "... Harry." — Se virou com calma, mantendo um sorriso educado. E, é claro, deu de cara com um rosto que nunca iria esquecer.

— "O que você está fazendo aqui? Pensei que estava… desaparecido."

— "Sequestrado é a palavra correta, meu caro xará." — Harry Potter. Quase tinha se esquecido que ele existia. — "Eu escapei do meu cativeiro e busquei auxílio com a ordem da fênix, ou melhor, Sirius Black. Agora, é minha vez de perguntar. Estamos em pleno outubro, deveria estar em Hogwarts, o que faz aqui?"

— "... não sei se posso dizer a você." — Então, estava correto. Reunião de emergência da Ordem. Mas o seu querido xará não precisava saber que já estava ciente.

— "Tudo bem. Porque não se senta comigo e vamos conversar um pouco? Me conte como estava Hogwarts enquanto eu estive fora." — Não deu muitas opções para ele, o arrastando para se sentar perto da janela, num conjunto de duas poltronas e uma mesinha para chá.

Era bom saber que Rony estava bem, e até perguntou se ele veio também — infelizmente, não veria seu amigo hoje.

Harry perguntou sobre suas orelhas e até pediu para tocar, provavelmente pensando que não eram reais. E, mesmo com a comprovação que, de fato, eram reais, o Potter não estava muito convencido ainda.

Para ser sincero, também não acreditaria se estivesse no lugar dele.

— "E então montamos a Armada de Dumbledore, mas-" — Nesse momento, o silenciou. O Potter o olhou confuso, mas não ousou verbalizar a pergunta que já estava escrita em todo o seu rosto. O que há de errado?

Não tinha certeza se era porque sua audição era melhor, porque não estava batendo bem da cabeça ou instintos paternais, mas ouvia o choro de Elliot.

— "Um instante." — Se levantou e saiu da biblioteca tão rápido como um raio, chegando ao quarto e, realmente estava certo.

Kreacher estava lá, para adicionar.

— "Mestre Harry, já ia chamar o senhor, mestre." — Informou, mas não deu muita atenção, indo direto ao berço para pegar seu menino nos braços.

— "O que foi, meu amor? Está com fome?" — Não poderia ir para baixo agora, mas foda-se, seu filho precisava comer. Mas… — "Kreacher-"

— "Volto em um instante, Mestre Harry." — Nem precisou pedir. Enquanto isso, balançava Elliot, cantarolando uma musiquinha para que se acalmasse.

— "Sshh… papai está aqui, e daqui a pouco vai dar sua comida…" — Tranquilizou, mesmo que Ellie não entendesse suas palavras.

Era bom sempre falar com seu filho, passou meses longe e tinha que estabelecer o tão chamado vínculo.

— "Você tem um filho!?" — Só então, notou outra presença na sala. O outro Harry o seguiu, obviamente.

Entendia seu espanto, tinham a mesma idade, dezesseis, poucos adolescentes em Hogwarts — já que provavelmente eram os únicos que ele e Harry conheciam — tinham um filho.

Ah, a gravidez na adolescência.

Complicado, de fato.

— "Eu tenho. O nome dele é Elliot, não é um amor?" — Tudo bem que um bebê chorando a plenos pulmões não era exatamente a definição de adorável, mas não era qualquer bebê, era seu pequeno raio de sol.

Felizmente, Harry não teve que responder essa pergunta agora já que Kreacher escolheu esse momento para chegar com a mamadeira.

— "Pronto, pronto… melhor agora, não é?" — Agora, sem mais chorar e sugando o leite da mamadeira, Elliot o encarava com os olhinhos curiosos.

Mudou seu foco para o outro Harry, sinalizando com a cabeça para que se aproximasse. Ele parecia um pouco assustado e Harry teve que conter o riso. Seu xará tinha medo de um bebê indefeso?

Elliot mudou sua atenção para o Potter, estudando-o cuidadosamente, mas ainda assim nem um pouco disposto a largar a mamadeira.

E, assim como esperava, seu pequeno raio de sol encantou mais um. Não havia ninguém que resistia a sua fofura.

— "Quem é a mãe?" — O outro Harry perguntou, em um sussurro.

— "Ninguém. Eu sou o pai dele e é isso que importa." — Talvez tenha soado um pouco agressivo, porque ele se afastou brevemente. Ao menos, entendeu que não era para fazer mais perguntas neste tópico.

— "Hm… eu tenho que ir, daqui a pouco vai dar a hora…" — E assim, o Potter fugiu.

Quando Elliot terminou de comer, colocou a mamadeira na cômoda e encostou a cabeça dele em seu ombro.

E cantou a mesma canção que sua mãe cantou para ele.

Estava deitado em cima de seu corpo, o ouvido encostado em seu peito para ouvir seu coração batendo enquanto sentia o carinho em seu cabelo.

— "Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar… com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante, para ver, para ver meu amor passar…" — E então não conseguia mais manter seus olhos abertos, deixando-se lentamente cair no sono.

Enquanto a voz de sua mãe ficava ainda mais distante.

Talvez por isso nunca se lembrava da música toda.

— "Kreacher." — Chamou o elfo, que surgiu no mesmo instante. — "Chame a senhora Weasley, por favor e… me traga um pouco de chá, Sirius disse que era uma receita de família."

— "Mestre Harry tem certeza?" — Harry nunca pensou que de todos os elfos, Kreacher fosse o que iria questionar uma ordem. Mas não se importou, isso apenas demonstra sua preocupação.

— "Absoluta." — Não, não tinha. Mas parecia ser o melhor a se fazer.

Deixou Elliot aos cuidados de Molly, deu um beijinho em sua testa e fez carinho em suas orelhinhas.

— "Papai vai voltar logo, logo." — Por fim, beijou sua mãozinha e saiu, seguindo o caminho até a biblioteca onde uma xícara quentinha de chá o esperava.

Se sentou na poltrona previamente forrada por Kreacher ao seu pedido, pegou um livro sobre magia medicinal e trouxe a xícara para perto dos lábios.

Assim como esperava, tinha cheiro de planta e gosto também, nenhuma da qual saberia identificar.

No fim, bebeu até a última gota.

Era mais uma tarde tranquila em Grimmauld Place.

oOo

Não tenho o hábito de desenhar bebês, mas aqui está um rascunho do pequeno Elliot para a sua apreciação~

Não tenho o hábito de desenhar bebês, mas aqui está um rascunho do pequeno Elliot para a sua apreciação~

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