SEM REVISÃO E CONTÉM ERROS.
YAGO SALAZAR CAPÍTULO 7.
Sem sono e, com os pensamentos em chamas queimando com a lembrança da criança viva em minha mente vou para o farol mais cedo do que de costume. Eu o olhava de longe sem fazer ruídos, meu pai enaltecia orgulhoso como ele era inteligente, esperto. Ele brincava só entretido alheio a tudo, os pequenos joelhos curvados da mesma forma que fazemos quando oramos, os calcanhares servindo de banco, uma cena comum, mas solitária.
Enquanto o vigiava meu pai falava que quando é interrogado, especulado seus olhos se fecham em uma linha fina e a resposta sai inocente, mas certeira, se põe a pensar, mesmo sendo uma criança suas perguntas e respostas não são tolas.
Ele dizia que naquela idade eu também era muito calado que observava, ouvia mais do que falava, e observava mais do que fazia. Que nossos olhos, nossas mãos, a forma de mirar o horizonte eram idênticos, que ama o mar e fala com tanta paixão da beleza das águas que me ouvi na sua doce voz. A vontade de me virar para ele e gritar que estava enganado e que seus olhos e ouvidos o estava cegando para a verdade, passou por um fio a minha boca, mas mordi minha língua na lateral.
Ficar ali me sufocava, e eu tinha que ir mesmo não suportando todas as lembranças que me alfinetava, alimentando meu ódio. Sentia minhas mãos suando frio, e gotas surgir e escorrer na minha espinha por baixo da camisa. Não era sempre, mas quando tenho pesadelos com ela chamando meu nome acordo enfurecido e suando por todos os poros, da mesma forma que estou agora.
-Yago meu filho, quanto tempo mais esse luto irá durar, está desperdiçando sua vida, refaça sua vida. Nunca mais irei deixar brecha para outra serpente se aproximar novamente, pensava.
-Leve seu filho para debaixo do seu teto, cuide dele, logo ele será um jovenzinho e terá perdido sua infância. Olhe para trás, veja quanto já perdeu, como ele está crescendo.
-Não, se ele está se tornando um fardo, sabe o que precisa fazer.-Jamais,meu neto nunca irá para longe de Araruna não enquanto eu viver, chegará o dia que as chaves dessa cidade passarão para as mãos dele como passei a você.
E eu espero não chegar esse dia pai, até lá preciso saber a verdade, mas me falta coragem. Ah meu pobre pai, se ele soubesse que a criança a quem ele deposita todo seu amor, tempo, e esperança não tem uma gota do seu sangue, mas de dois infelizes traidores. Ele ama tanto a criança que me enxerga através dos olhos dela.
-O ódio pela traição, afastou você de trilhar ao lado do seu primogênito Yago. Nunca pensei dizer isso a você, mas precisa saber. A lancha não explodiu porque bateu nas rochas, havia uma bomba, e ninguém tira da minha cabeça que foi colocada lá para matar você, por eles. Mas a mentira tem vida curta e a verdade sempre dá um jeito de se rebelar, e vir à tona, e eles morrerão pelas mãos deles mesmos. Me virei para ele, ele desviou o olhar.
-Escondeu isso de mim por todos esses anos, porque. Seus olhos se abaixaram para fitar suas mãos enrugadas pela força do tempo e os janeiros vividos. -Não sei, talvez diminuir a sua dor, aliviar o seu ódio que está presente nas suas ações e, nos seus olhos por longos seis anos. Seus olhos se tornaram duas piscinas transbordando lágrimas, que não foram permitidas rolar.
Meu velho pai, seu amor por mim me envaidecia, por ele consegui a força que precisava para resistir as tormentas que tentavam me arrasar, aqueles malditos queriam vê-lo morto. Mas a traição deles foi tão vil que se afogaram em caos fogo e água.
-Eu devia ter matado os dois com minhas mãos, e colocado fogo nessa casa._Nunca mais diga isso, como iria viver sabendo que matou a mãe do seu filho, e que culpa a casa tem, como olharia seu filho depois disso.
-Da mesma forma que não posso mirá-lo hoje._Não,está enganado, não pode mirá-lo porque a amava demais e conviver com ele lhe traz muitas recordações dela, seus olhos gritavam paixão quando a olhava, agora são frios e vazios. Espero ter forças e saúde para alcançar o dia que seus olhos votarão a brilhar por amor, um amor forte e verdadeiro.
_Não permitirei ser arrasado novamente meu pai.-Uma víbora não pode ser igualada a todas, cada uma tem sua própria essência e dose de veneno, do veneno se extrai o soro, e através dele a cura.
-Não importa, víbora é, víbora e elas matam por asfixia.-Não está morto ainda respira.
-Respirar foi o que sobrou, o grande Senhor de Araruna não passa de um fantasma perambulando pelas noites, solitário e amargurado. Sinto muito meu pai, mas não permitirei.
-Se pelo menos tivesse um túmulo para você chorar. -Só pode existir um túmulo quando se tem um corpo para colocá-lo, pai. -Uma explosão com proporções gigantesca como foi aquela não sobraria nada. -Mas o corpo de Cristóvão foi encontrado. -Uma parte dele, não se esqueça, acha que ela poderia ter sobrevivido a todo aquele fogo a profundidade da água, nunca, esqueça de uma vez por todas.
-Não sei, nos meus pesadelos a ouço gritar o meu nome pedindo ajuda.-Eu sinto muito meu filho, eu quis evitar que visse a traição deles, mas não consegui, fiquei tão abalado emocionalmente que minha pressão quase me matou. Cristóvão era como um filho e, e, ela a nora que sempre pedi nas minhas orações, mas era uma farsa.
-Não se culpe, eu devia ter me resguardado ter esperado, Ceiça me alertou que estava sendo precipitado ao me casar porque ela estava grávida, mas a paixão que sentia atropelou os acontecimentos e tudo foi muito rápido, se tem um culpado, esse sou eu.
-Vô Alejandro. Ouvi a voz da criança a minhas costas e não consegui me virar, os olhos do meu pai se viraram para ele, um segundo depois voltou se para mim. Ele implorava pedindo para que eu o olhasse de perto o cumprimentasse, eu não suportava nem mesmo a ideia, e da mesma forma suplicante que ele me olhava eu devolvi. Em passos apressados mirei a porta e sai da casa, fugindo da pequena criatura que carregava a força do meu sobrenome, mas não, a fúria do meu sangue.
Sentei no banco do carro e respirava com dificuldade sentindo pena de mim, da minha covardia da dúvida que me corroía, eu tinha medo de mirar os olhos de uma criança, medo de me aproximar dela, e ele me envolver como a mãe mentirosa dele. Não consigo separar ele dela, sempre os vejo da mesma forma é loucura eu sei disso, mas é inevitável.
Estacionei meu carro na faixa extensa de areia acendi um charuto, traguei a fumaça forte para os meus pulmões, soltei devagar. A luz do farol encontrava o mar lá, longe, a vista do mar a meia noite era magnífica, a lua grandiosa o beijava em saudação, meu corpo se acalmava.
Deixei as lembranças e as palavras do meu pai se dissiparem na minha mente. Pensei em como meu bisavô se sentiu quando descobriu esse lugar, quando pisou nessas areias e desbravou toda a ilha.
Termino meu charuto e caminho para o farol, mas antes de chegar à porta, algo tem a minha atenção na praia. Desvencilho do meu destino atraído pelo inesperado, fixo meus olhos na escuridão que me prende e me instiga a chegar mais perto, mas não me atrevo.
Achava, pensava que somente eu apreciava o mar, as ondas mansas e as vezes feroz aquelas horas da madrugada. Na sombra da noite iluminada pela lua, a criatura se movia deslisando na areia molhada da praia. O corpo serpenteava malemolente, os braços ricocheteavam o vento em movimentos leves e delicados. Os cabelos eram levados e dançavam parecendo ter vida própria, a malemolência do corpo era algo para ser exaltado.
Eu fiquei preso aquela sombra, sem poder me mover como se estivesse enfeitiçado pelo guiso da serpente.
VOTEM E COMENTEM.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Senhor de Araruna.EM ANDAMENTO.
RomanceO SENHOR DE ARARUNA É UM HOMEM SOLITÁRIO,FRIO,DESCONFIADO,AMARGO,MAS NO PASSADO ELE JÁ FOI UM HOMEM FELIZ APAIXONADO,MAS FOI TRAÍDO DE FORMA VIL PELA ESPOSA QUE ELE TANTO AMAVA O FAZENDO DUVIDAR ATÉ MESMO QUE A CRIANÇA QUE CARREGA SEU SOBRENOME TE...