YAGO SALAZAR CAPÍTULO 23.

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SEM CORREÇÃO CONTÉM ERROS.

YAGO 23.


Parado em frente a porta aberta do quarto que antes era meu e da falecida hesitei. Eu tinha muita mágoa, revolta dentro do meu peito que me impediam de viver o presente, o medo constante de depositar confiança em outra e, sofrer tudo outra vez.
Eu queria viver o presente, ter um futuro, mas não era fácil me permitir, me sentia amarrado.

Ainda parado na porta via o mordomo colocar as roupas sobre a cama, os sapatos aos pés do recamier.
-Não permita que o passado o sufoque senhor, ou não viverá o presente. Se lembre que, o tempo está ao seu lado hoje, amanhã ele pode ser seu inimigo, dificultar seu caminho.

-Ainda não consigo ultrapassar essa porta. Disse com os olhos fixos ao homem parado a minha frente.-Uma porta, quatro paredes, não podem serem mais fortes que o seu dono, feche a porta para sempre ou, a derrube, agora senhor, hoje. -Não é tão simples assim Gaspar. 

-É, se o senhor estiver realmente querendo uma mudança para o seu futuro, empurre a porta senhor, derrube as paredes, se permita a dar esse passo. Eu queria a mudança, eu precisava me permitir, as lembranças que me alfinetava vividas naquele quarto não podiam serem mais fortes do que eu, do que eu queria, um passo, um passo e eu estaria dentro dele. Busquei o ar com força para dentro dos meus pulmões fechei meus olhos adentrando o cômodo.

Abri meus olhos já dentro do mesmo, uma ânsia de vomito me abateu, olhei em todas as direções e tudo era diferente. Os móveis, as cortinas, os tapetes, a cama, meu pai havia mandado trocar tudo, mas mesmo depois de anos, sem entrar ali, sem ela estar ali, ainda podia sentir o cheiro do sexo que ela fazia com seu amante.

Caminhei até o vidro aberto a minha esquerda, era tudo ou nada, fechar a porta, ou derrubá-la para sempre. Aquele cheiro era produto do meu cérebro me acompanhava a anos, era minha amargura, minha raiva, meu desprezo e frieza ao sexo oposto, a falta de confiança nas pessoas. Havia me tornado filho do silêncio, escravo da solidão, parceiro da escuridão, enxergando o mundo, suas belezas em preto e branco.

Me virei para Gaspar e o mesmo não estava mais no quarto, aquela ânsia nojenta também havia passado, busquei o ar novamente e estava tudo em equilíbrio. Aquela casa suas paredes não seriam mais obstáculos, ou túmulo da minha tragédia, o que me fazia mal me puxava para o abismo era meus pensamentos escuros, os sentimentos amargos que eu trazia no meu peito. A minha indiferença, e falta de amor com a pequena criatura, ele era tão vítima como eu, ele foi concebido para ser usado como um objeto, se tornando a maior vítima.

Em passos decididos entrei no banheiro abri a ducha tomando um banho frio para acalmar a mente, meu corpo. Fiz tudo rápido sem perder o foco do que eu precisava fazer, do que eu queria. Eu queria mudança eu tinha que buscar por ela, me sequei rapidamente o tempo urgia e neste dia ele era meu aliado.

A garota, Yolanda mexeu comigo, me tirou da zona de conforto da qual eu vivia e achava perfeita, perfeição, Yolanda refletia perfeição aos meus olhos, meu peito respondia a ela retumbante. Com o peito retumbando pela babá, me perdia na respiração pela serpente dançarina, juntando as duas numa combinação explosiva tomando meu corpo de desejo, eu as queria e não conseguia separá-las, chegava a ser desesperador ter que escolher uma.

Pronto e confiante ao próximo passo de deixar para trás aquela vida miserável, desci as escadas chamando por Gaspar querendo saber onde estava a babá, onde era seu quarto. O tempo era meu aliado, mas não estava disposto a me dar nada sem lembranças dolorosas ou lugares que a muito eu não pisava.

-Seu pai cedeu a ela a antiga casa que o senhor mandou construir a falecida Angélica. Agradeci dando as costas a ele, eu não iria dar brechas para a garota fugir de mim aquele dia, eu usaria o elemento surpresa. Aquele dia estava se tornando um desafio, eu não me acovardaria, não daria as costas para o novo, tudo que se colocasse no meu caminho eu tiraria, derrubaria jogando para longe.

Senhor de Araruna.EM ANDAMENTO.Onde histórias criam vida. Descubra agora