YAGO SALAZAR CAPÍTULO 11.

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YAGO SALAZAR CAPÍTULO 11.

Enfeitiçado pelo balanço da serpente caminhava pelo cais do porto procurando encontrar uma forma de esquecer o que tinha visto. Eu estava perturbado.

As formas do corpo se contorcendo sobre a luz do luar estavam impregnadas na minha mente e eu queria arranca las, não queria elas ali.

Tinha tantas coisas para fazer e comandar, mas tudo se tornava pequeno e desinteressante, a todo momento me pegava a pensar na serpente misteriosa.
Não tinha um rosto, um olhar, um sorriso  ,somente a silhueta e os cabelos voando ao vento sem controle no manto da noite. De que inferno saiu aquela criatura.

O dia se arrastava e a noite se tornava cada vez mais distante e eu me consumia de ansiedade, será que está noite ela estará lá, queria, agonizava como um moribundo a beira da morte.

O sol se foi a noite se fez presente e eu almejava voltar a vela. Eu não me impressionava fácil talvez fosse a magia do mar junto a lua que me chamava, me vi cedendo.
O mar era meu confidente e a lua minha companheira. E quando algo me irritava não tinha para quem contar o mar era meu ouvinte. Me fazia bem desabafar mesmo que ele não me respondesse.
Ter um ouvinte que apenas a escuta te livra de julgamentos.

Sabe a sensação de tontura, embriaguez quando se vê o mar pela primeira vez e, as ondas que rolam na areia te causa essa sensação. Foi o que aconteceu comigo. Vendo aquele corpo deslisando nas areias me embriagou mexeu com minha mente tocando em uma parte do meu corpo fazendo meu órgão pulsante acelerar em picos elevados.

Quando o relógio bateu a meia noite sai às pressas deixei o motorista para trás, eu voltei lá. Eu queria que fosse apenas uma miragem minha mente me pregando uma peça e tudo se acabaria se tornaria uma ilusão de ótica, não foi uma miragem, porque miragens não se repetem.

Lá estava ela no mesmo lugar, e eu não conseguia desviar o olhar, meus olhos iam de um lado ao outro acompanhado seu balançar, como as ondas de um mar revolto. O feitiço da serpente era poderoso, ela tinha minha adoração, minha atenção.

Ah muito tempo uma fêmea não conseguia um minuto da minha atenção e hoje passei o dia agonizando para que chegasse à noite e saber se não estava delirando. E como no primeiro dia, num piscar e abrir de olhos o corpo malemolente desapareceu na areia da praia envolvida na sombra da noite. Suspirei inconformado, eu desejei mais daquela performance

Sem ter mais o que olhar e admirar eu entrei no farol e subi seus degraus, lá em cima, com todo o mar a minha frente, estimulei minha visão periférica me pus a procura lá, mas não a encontrei. Por dentro do meu ser eu sabia que me enveredar por aquelas curvas era perigoso e mesmo lutando contra as vontades do meu corpo eu queria que ela estivesse ali todas as noites.

Eu não sabia quem ela era, ela não sabia que eu a fazia companhia, dois estranhos compartindo segredos no silêncio da meia noite. Nas histórias antigas que o povo antigo conta que a meia noite os espíritos solitários vagam na terra. Eu era solitário, mas não era um espirito, será que o objeto da minha adoração era, pensei.

Ah anos eu escolhi a solidão uma forma de me proteger, não permito aproximação não quero mais sofrer, não consigo lidar mais com troca de afeto, não acredito mais, o máximo que permito de outra pessoa seja homem ou mulher é um simples aperto de mão. O pensamento que todos se aproximam para tirar proveito nunca me deixa.

Ah quem diga que a solidão, nos enlouquece, mas eu sei o que vi, loucura torce a nossa mente e, se eu estivesse enlouquecendo, daria uma boa manchete Yago Salazar o louco de Araruna, pensava.

Como de costume passei a madrugada no farol e quando a madrugada se tornou ainda mais negra eu me fui, era o sinal que o dia trazia o sol. Em casa tomei um banho fiz a rotina da manhã e fui para o porto. Um dos navios graneleiros estavam sendo carregados de grãos, em cinco dias o mesmo partiria para Angola.

Senhor de Araruna.EM ANDAMENTO.Onde histórias criam vida. Descubra agora