YAGO CAPÍTULO 37.

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SEM REVISÃO COMTÉM ERROS.

YAGO 37.

Amanhecemos na praia; a face de Yolanda foi a primeira visão que tive. O primeiro som foi de uma onda mansa, acompanhado de um suspiro da mulher linda nos meus braços. Minhas costas descansavam no tronco do que restou de uma palmeira, e o corpo de Yolanda; descansava no meu peito.

Me sentia tão bem, tão feliz, que até mesmo o nome de Deus me veio à mente, divindade essa que pensei que havia me esquecido. O vento da manhã chegou sorrateiro, beijando a face dela, tocando seus cabelos, e os levando, fazendo os fios se emaranharem numa dança. Senti ciúmes do vento por não ter sido o dono da ideia primeiro. Então toquei seu rosto, passando a ponta dos dedos em sua pele. Pele essa que me fascinava, me deixava maluco, queria estar sempre em contato, era tão macia.

Ela sorriu abrindo os olhos ciente do meu toque, me abraçou fugindo do vento, que insistia em tocá-la, e, eu continuava enciumado. Abracei seu corpo delicado, levei minha boca até seu pescoço, a beijei ali, perto da orelha. Seus braços se arrepiaram, meu corpo se arrepiou, a beijei novamente no mesmo lugar, os cabelos caíram por sua pele e fui impedido de sentir o calor da sua pele em meus lábios.

 Eu definitivamente não queria ir embora, nos próximos dias o navio chegaria ao porto carregado de minério do continente africano com Rômulo a bordo. Nos últimos dia estava curioso para saber como será meu encontro com meu marujo.  Que tipo de desculpas me dará por ter sido enganado, e pelo não cumprimento das minhas ordens. Minha boca se contorce numa careta.  Quem poderia imaginar que estava mandando minha felicidade embora. Que o caminho para o amor era uma clandestina assustada no convés do meu navio.

Enquanto me recordava, ela me olhava e me acariciava a barba, seu toque era gostoso, íntimo.

Passaria o dia ali com ela, comeríamos alguma coisa por ali mesmo, em algum quiosque, ou um dos restaurantes a beira mar, como um casal normal. Eu estava inclinado a ceder meu próprio desejo. Ao longe, na areia da praia os primeiros banhistas davam o ar da graça, meus olhos pararam sobre os estranhos e, com certeza alguns moradores da ilha que saiam para caminhar todas as manhãs na orla. Eu nunca havia feito nada assim antes, nem mesmo com minha falecida esposa, com Yolanda aquele desejo criava força. Claro que um, ou outro me reconheceria, e eu me tornaria o assunto do dia. Eu não gostava de ser uma atração, já sabem disso não é mesmo?

A bela jovem em meus braços sussurrou: -Precisamos ir, já é dia, quero estar na casa quando Eduardo acordar. O senhor de Araruna deve ter uma agenda cheia, não quero ser culpada por distrai-lo.  Ela se afastou, levantou os braços pegando os cabelos, os enrolando em um coque frouxo, se levantou me estendendo a mão.  A olhei em pé, a minha frente, o sol lhe abraçando pelas costas. -No que está pensando? Levante-se, ou deseja passar o dia descalço, pisando na areia fina, e comendo mexilhões? Eu paralisei admirando sua beleza, ainda mais com os raios cor de ouro do sol deixando em destaque sua pele negra.

-Me deixa encabulada olhando me dessa forma? -Acostume-se, será assim que a olharei de hoje, até meu último dia de vida. -A imagem que eu tinha de você era de um inverno frio e congelante, agora me olhando dessa forma. Eu enxergo a geleira derretendo, que a camada de neve era uma camuflagem para sua própria proteção. Que ama a primavera, e o verão, com seus dias quentinhos de sol radiante.

-Você com sua magia, fez a neve derreter, afastando o frio ao meu redor. -O mérito não é só meu, você se permitiu a viver outra vez. Vamos, ou pensarei que deseja ficar e se misturar aos banhistas, com essas roupas negras discretas que está vestido, quase não será notado.

 Aquela criatura linda a minha frente parecia ler meus pensamentos, eu queria, mas na quele dia eu procrastinaria aquele desejo, pois me lembrei de algo mais importante, Eduardo. Teria que começar a pensar na conversa que teria com ele, por um instante me perdi em meus pensamentos, voltando em si somente quando Yolanda puxou minha mão.

Senhor de Araruna.EM ANDAMENTO.Onde histórias criam vida. Descubra agora